11 de outubro de 2007

Outro livro distribuído pelo MEC — outras deturpações históricas

Conversando com um dileto Amigo, sobre o assunto que neste Blog da Família tenho tratado, ele sugeriu-me postar trechos de um outro livro — também denunciado pelo jornalista de “O Globo”, Ali Kamel — intitulado “Nova História Crítica”. Da mesma forma distribuído pelo Ministério da Educação (MEC) às escolas públicas (neste caso a 750 mil alunos da 8ª série) e igualmente repleto de distorções grosseiras, de deturpações históricas e eivado de erros evidentes. Assim, aqui transcrevo alguns trechos que dispensam comentários, uma vez que são tais e tantos os desatinos contidos no nefasto livro:


— Sobre o que é hoje o capitalismo:

"Terras, minas e empresas são propriedade privada. As decisões econômicas são tomadas pela burguesia, que busca o lucro pessoal. Para ampliar as vendas no mercado consumidor, há um esforço em fazer produtos modernos. Grandes diferenças sociais: a burguesia recebe muito mais do que o proletariado. O capitalismo funciona tanto com liberdades como em regimes autoritários."


— Sobre o ideal marxista:
"Terras, minas e empresas pertencem à coletividade. As decisões econômicas são tomadas democraticamente pelo povo trabalhador, visando o (sic) bem-estar social. Os produtores são os próprios consumidores, por isso tudo é feito com honestidade para agradar à (sic) toda a população. Não há mais ricos, e as diferenças sociais são pequenas. Amplas liberdades democráticas para os trabalhadores."


— Sobre Mao Tse-tung:

"Foi um grande estadista e comandante militar. Escreveu livros sobre política, filosofia e economia. Praticou esportes até a velhice. Amou inúmeras mulheres e por elas foi correspondido. Para muitos chineses, Mao é ainda um grande herói. Mas para os chineses anticomunistas, não passou de um ditador."


— Sobre a Revolução Cultural Chinesa:
"Foi uma experiência socialista muito original. As novas propostas eram discutidas animadamente. Grandes cartazes murais, os dazibaos, abriam espaço para o povo manifestar seus pensamentos e suas críticas. Velhos administradores foram substituídos por rapazes cheios de idéias novas. Em todos os cantos, se falava da luta contra os quatro velhos: velhos hábitos, velhas culturas, velhas idéias, velhos costumes. [...] No início, o presidente Mao Tse-tung foi o grande incentivador da mobilização da juventude a favor da Revolução Cultural. [...] Milhões de jovens formavam a Guarda Vermelha, militantes totalmente dedicados à luta pelas mudanças. [...] Seus militantes invadiam fábricas, prefeituras e sedes do PC para prender dirigentes 'politicamente esclerosados'. [...] A Guarda Vermelha obrigou os burocratas a desfilar pelas ruas das cidades com cartazes pregados nas costas com dizeres do tipo: 'Fui um burocrata mais preocupado com o meu cargo do que com o bem-estar do povo.' As pessoas riam, jogavam objetos e até cuspiam. A Revolução Cultural entusiasmava e assustava ao mesmo tempo."


— Sobre a Revolução Cubana e o paredão:
"A reforma agrária, o confisco dos bens de empresas norteamericanas e o fuzilamento de torturadores do exército de Fulgêncio Batista tiveram inegável apoio popular."


— Sobre as primeiras medidas de Fidel:
"O governo decretou que os aluguéis deveriam ser reduzidos em 50%, os livros escolares e os remédios, em 25%." Essas medidas eram justificadas assim: "Ninguém possui o direito de enriquecer com as necessidades vitais do povo de ter moradia, educação e saúde."


— Sobre o futuro de Cuba, após as dificuldades enfrentadas, segundo o livro, pela oposição implacável dos EUA e o fim da ajuda da URSS:
"Uma parte significativa da população cubana guarda a esperança de que se Fidel Castro sair do governo e o país voltar a ser capitalista, haverá muitos investimentos dos EUA. [...] Mas existe (sic) também as possibilidades de Cuba voltar a ter favelas e crianças abandonadas, como no tempo de Fulgêncio Batista. Quem pode saber?"


— Sobre os motivos da derrocada da URSS:
"É claro que a população soviética não estava passando forme. O desenvolvimento econômico e a boa distribuição de renda garantiam o lar e o jantar para cada cidadão. Não existia inflação nem desemprego. Todo ensino era gratuito e muitos filhos de operários e camponeses conseguiam cursar as melhores faculdades. [...] Medicina gratuita, aluguel que custava o preço de três maços de cigarro, grandes cidades sem crianças abandonadas nem favelas... Para nós, do Terceiro Mundo, quase um sonho não é verdade? Acontecia que o povo da segunda potência mundial não queria só melhores bens de consumo. Principalmente a intelligentsia (os profissionais com curso superior) tinham (sic) inveja da classe média dos países desenvolvidos [...] Queriam ter dois ou três carros importados na garagem de um casarão, freqüentar bons restaurantes, comprar aparelhagens eletrônicas sofisticadas, roupas de marcas famosas, jóias. [...] Karl Marx não pensava que o socialismo pudesse se desenvolver num único país, menos ainda numa nação atrasada e pobre como a Rússia tzarista. [...] Fica então uma velha pergunta: e se a revolução tivesse estourado num país desenvolvido como os EUA e a Alemanha? Teria fracassado também?"

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Transcrevo a parte final do artigo de Ali Kamel:“Esses são apenas alguns poucos exemplos. Há muito mais. De que forma nossas crianças poderão saber que Mao foi um assassino frio de multidões? Que a Revolução Cultural foi uma das maiores insanidades que o mundo presenciou, levando à morte de milhões? Que Cuba é responsável pelos seus fracassos e que o paredão levou à morte, em julgamentos sumários, não torturadores, mas milhares de oponentes do novo regime? E que a URSS não desabou por sentimentos de inveja, mas porque o socialismo real, uma ditadura que esmaga o indivíduo, provou-se não um sonho, mas apenas um pesadelo? Nossas crianças estão sendo enganadas, a cabeça delas vem sendo trabalhada, e o efeito disso será sentido em poucos anos. É isso o que deseja o MEC? Se não for, algo precisa ser feito, pelo ministério, pelo congresso, por alguém”.
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Não resisto em comentar apenas o que diz tal livro adotado pelo MEC, sobre o perigo que poderá ocorrer com a saída de Fidel Castro do governo: “de Cuba voltar a ter favelas”...
É a total negação do que é de conhecimento geral: a pobre Cuba hoje, sim, é uma imensa favela — a mais deplorável e miserável possível. Considerem apenas as fotos abaixo. Mas notem que tiradas de ruas centrais de Havana. Imagine como são as periferias daquela infeliz capital... imagine como deve ser o interior de Cuba...








Notem o automóvel... Aliás, um "luxo" para poucos - apenas para os companheiros "muy amigos" - na Ilha de Fidel Castro


Vejam um quarto de um dos hospitais de Ilha-Calabouço...


Observem a cena abaixo. Não retrata uma favela em algum subúrbio. Retrata uma das ruas centrais da capital do "Paraíso" castrista.

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Conclusão:
O livro “didático” Nova História Crítica, continua levantando polemica. Entretanto a polemica deveria ser muitíssimo maior. Nosso anseio é que se levante um clamor geral obrigando o governo a recolher tais livros; a não mais imprimir panfletos do genro; e, muito menos, que se coloque tais absurdos ao alcance de nossas crianças.
Estamos vendo que não basta ter escolas no País, precisamos exigir que nelas não se ensine como verdade as alucinações e idiotices de autores filiados à esquerda dinossáurica. Do contrário, tais escolas apenas formarão imbecis. Daí nossa insistência no papel de vigilância dos pais sobre livros de seus filhos, de procurarem saber o que os pequenos estão aprendendo. (Des)aprendendo, é certo, se nas mochilas deles encontra-se o citado livro distribuído pelo MEC.

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9 de outubro de 2007

A cartilha, adotada pelo MEC, para doutrinamento marxista dos alunos


Continuamos com mais alguns trechos (disparates) que comprovam como o livro — melhor: cartilha para doutrinamento marxista dos alunos — manipula a história, por exemplo, apresentando o marxismo como o bem e os Estados Unidos como representação do mal.

Livro didático e propaganda política
Por Ali Kamel
“O Globo”, 1-10-07
“O livro prossegue com pequenos tópicos sobre os principais acontecimentos mundiais, a Revolução Russa e seus antecedentes: grande pobreza no campo, extrema exploração dos operários. Vitoriosos os revolucionários, seus primeiros feitos são assim descritos: "Estradas de ferro e bancos foram nacionalizados, as terras foram divididas e distribuídas entre os camponeses e a produção nas indústrias passou a ser controlada pelos operários. As medidas revolucionárias do novo governo feriram os interesses da burguesia e das grandes empresas que atuavam no país." Segue-se um breve resumo da guerra civil — a burguesia e a aristocracia, apoiados pelos EUA e Grã-Bretanha, contra os revolucionários liderados por Lênin e Trotsky — e um pequeno verbete intitulado "A ditadura de Stalin". Nele, lê-se que a URSS foi governada de 1924 a 1953 por Stalin, como um ditador. "As liberdades individuais foram suprimidas e os adversários do regime, inclusive os líderes da revolução, acabaram presos ou assassinados pelo regime." Parece honesto, mas não é: omitir os detalhes da monstruosa ditadura de Stalin, que levou milhões à morte, é esconder dos alunos o mal que o socialismo real provocou. Especialmente porque os autores não se esqueceram de destacar o "bem" que Stalin proporcionou: "O Estado promoveu o desenvolvimento da indústria de base, como energia elétrica e metalurgia, investiu em educação e na qualificação de mão de obra e formou cooperativas agrícolas [...] para ampliar a produção no campo."
Bonito, não? No fim do capítulo, nas atividades propostas aos alunos, fica estabelecida a distinção entre capitalismo e socialismo: "Os anos 1920, nos EUA, caracterizaram-se por consolidar a sociedade de consumo. Numa cultura de consumo, grande parte do tempo e das energias humanas está voltado (sic) para a aquisição de bens materiais. Sob a orientação do seu professor, debatam os seguintes aspectos: a) dados que comprovam o caráter consumista da sociedade atual; b) os efeitos negativos da cultura do consumo para o indivíduo e a sociedade." [...]
E Mao? Este parece ser um fetiche dos autores de livros didáticos. O livro conta que Mao Tsé-tung derrotou o capitalismo na China e relata dois episódios, sem referência aos milhões de mortos que os dois eventos provocaram. "Em 1958, a fim de aumentar a produção, foram criadas cooperativas rurais e novas indústrias também. Essas iniciativas econômicas foram conhecidas como o 'Grande salto para a frente'. Preocupado com a influência de valores ocidentais na China, Mao iniciou a Revolução Cultural, uma campanha oficial marcada por intensa doutrinação e repressão." E mais não se diz.
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Apenas para apontar duas graves omissões (voluntariamente “esquecidas” para poupar os crimes do regime comunista) na cartilha distribuída pelo MEC. Uma em relação à URSS (com Stalin) e outra em relação à China Vermelha (com Mão Tsé-tung) — ambas extraídas do já citado “Livro Negro do Comunismo”(*)

1 — O Stalin apresentado pela cartilha adotada pelo MEC é bem diferente do Stalin histórico. Este, para implantar a Reforma Agrária, decretou o extermínio de 60 mil camponeses e o exílio da grande maioria para campos de concentração. Em poucos dias, a meta de 60 mil assassinatos foi superada. Em menos de dois anos foram deportados 1.800.000 proprietários rurais e familiares. A viagem mortífera, em vagões de gado, durava várias semanas, sem alimento nem água. Os comboios descarregavam os cadáveres nas estações. Stalin submeteu pela fome aqueles que poderiam manifestar um mínimo de descontentamento. As reservas de alimentos foram confiscadas. Carentes de tudo, os camponeses abandonavam os filhos na cidade próxima. Só em Jarkov aproximadamente 8 mil crianças morreram de fome — sem contar as que morreram por outros motivos. Na fase final da Reforma Agrária, o salto foi 6 milhões de mortes.

2 — O livro do MEC louva o plano de Mao Tsé-tung com o chamado “Grande salto para a frente”. Vejamos o que diz o “Livro Negro do Comunismo” sobre tal plano:

Em 1959, Mao propôs o “Grande salto para a frente” — que consistiu em reagrupar os chineses em comunas populares — sob pretexto de um acelerado progresso. Foi proibido abandonar a comuna, as portas das casas foram queimadas nos altos fornos, e os utensílios familiares transformados em aço. Iniciaram-se construções delirantes. Os responsáveis comemoravam resultados fulgurantes e colheitas astronômicas. Mas logo começou a faltar o alimento básico. Barragens e canais viraram pesadelo para seus construtores escravos. A indústria parou. A fome mais mortífera da História da humanidade sacrificou então 43 milhões de vidas! Era proibido recolher as crianças órfãs ou abandonadas.

Eis algumas das verdades históricas que um livro que não fosse intelectualmente desonesto não poderia deixar de omitir.
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(*) Stéphane Courtois, Nicolas Werth, Jean-Louis Panné, Andrzej Paczkowski, Karel Bartosek, Jean-Louis Margolin, “O livro negro do comunismo. Crimes, terror e repressão”, Bertrand Brasil, Rio de Janeiro, 1999

8 de outubro de 2007

O Ministério da Educação que nao educa, mas (des)educa

Inicio o Blog da Família nesta data de suma importância para a Igreja e a Civilização: 7 de outubro. É o dia em que se celebra a festividade de Nossa Senhora do Rosário e comemora-se a vitória da esquadra católica no golfo de Lepanto, em 7 de outubro de 1571 — há exatos 436 anos. A respeito, para conhecer algo a mais, vide quadro no final.(*)
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Atenção pais e mães de família:
O Ministério da Educação não educa, mas (des)educa

A função primordial do Ministério da Educação (MEC) seria justamente a de proporcionar aos alunos a sadia formação intelectual. Entretanto o MEC está promovendo a (de)formação dos jovens estudantes.
Explico-me.

O MEC comprou mais de um milhão de exemplares do livro de história “Projeto Araribá” — exatamente 1.185.670 livros, pagando nada mais nada menos que R$ 5.631.932,50. Pretende-se distribuir gratuitamente os exemplares, a partir de janeiro próximo, para alunos do Ensino Fundamental.

Usar dinheiro público para a educação, seria normal. Mas é inadmissível utilizá-lo para fazer campanha política do PT e, menos ainda, para deformar nossas crianças.

Em artigo para “O Globo” (2-10-07) o jornalista Ali Kamel aponta diversos erros grosseiros no mencionado livro de história. Hoje, limito-me a transcrever e comentar o seguinte trecho do artigo:
Na unidade 3, A Primeira Guerra Mundial e a Revolução Russa, o livro diz o seguinte, logo na abertura, sob o título Um sonho que mudou a História: “Em 1º de janeiro de 2003, o governo federal apresentou o programa Fome Zero. Segundo dados do IBGE, 54 milhões de brasileiros vivem em estado de pobreza. Em nenhum país do planeta (sic) existem tantos pobres vivendo entre pessoas tão ricas [...]. Por que, apesar de tantos avanços tecnológicos, pessoas continuam morrendo de fome? É possível mudar essa situação? Os revolucionários russos de 1917 acreditavam que sim. Seguros de que o capitalismo era o responsável pela pobreza, eles fizeram a primeira revolução socialista da História. Depois disso, o mundo nunca mais seria o mesmo”.

Como se nota, o programa “Fome Zero” é apresentado sem nenhuma crítica. Um programa completamente fracassado, que apenas ficou no papel — o que é reconhecido até por governistas.
Mas, além da inaceitável propaganda do PT e da ideologia marxista — com base em dados falseados —, o livro faz apologia do regime comunista soviético. Tal regime sim gerou pobreza, transformando a Rússia — outrora o “celeiro da Europa” — numa gigantesca favela rural, num gigantesco campo de concentração. Basta ler algumas páginas do “Livro Negro do Comunismo” — obra insuspeita, pois seus autores são esquerdistas — para constatar o flagelo que foi o comunismo. Esse célebre livro apresenta a pura realidade e os dados comprovados são estarrecedores. Narra tal livro que, segundo a “Comissão sobre Repressão” do próprio governo russo, os bolchevistas mataram 43 milhões de pessoas entre 1917 e 1953. Grande parte morreu de fome.

A fome foi utilizada na União Soviética com a finalidade prostrar a população, impedindo, por esse meio, qualquer reação. Em 1922 não havia mais revoltas, apenas multidões apáticas implorando uma migalha ou morrendo como moscas. Foi o início da primeira “grande fome”. Os cadáveres insepultos acumulavam-se nas ruas. Ocorreram até cenas de canibalismo.

Mas o autor da obra de história adotada pelo MEC, prefere ignorar a verdade histórica. Em vez de narrar os fatos, ele prefere emitir sua opinião sobre eles. Pior. Ensina mentiras históricas; faz doutrinação ideológica e propaganda político-eleitoral do PT.

Trata-se de uma gigantesca panfletagem a favor do governo, fazendo as cabecinhas das crianças, ademais de ensinar gravíssimos erros históricos.

Precisamos reagir enquanto é tempo. Urge uma reação ainda mais forte para obrigar o governo a suspender tal panfletagem. Não podemos permitir que ocorra no Brasil o que está acontecendo na Venezuela sob o comando do Coronel Chaves, que impõe o que as criancinhas venezuelanas devem ou não aprender. O mesmo já ocorreu na Cuba fidelcastrista, onde as pobres crianças recebem doutrinação marxista desde a tenra infância e aprendem a glorificar e cultuar “el comandante” Fidel.

Por tudo isso apelo, sobretudo aos pais e mães:
· que vigiem os livros de seus filhos;
· que anotem os erros para denunciá-los a outros pais e mães;
· que incentivem reações;
· que exijam a substituição dos livros errôneos;
· que comentem com outros esta questão que poderá acarretar em graves conseqüências, pois as crianças que estão sendo (des)educadas nas escolas são o Brasil do futuro.
O tema é muito sério, pois, além do livro “Projeto Araribá”, que distribuirá o MEC, outras obras adotadas por esse Ministério estão distorcendo os fatos históricos e tentando manipular as mentes infantis. Um sistema próprio a estados totalitários. É o “Estado-pedagogo-marxista” que esta surgindo no Brasil, escolhendo livros organizados pela esquerda mais retrógrada que imaginar se possa.
Devido à seriedade do tema, amanhã voltarei a tratar de livros “didáticos” — se pudesse colocaria mil aspas de cada lado...
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(*) Saiba mais sobre Lepanto e Nossa Senhora do Rosário

Em 7 de outubro de 1571, a armada católica, comandada por D. João d´Austria, composta de aproximadamente 200 galeras, concentrou-se no golfo de Lepanto. O nobre comandante mandou hastear o estandarte oferecido pelo Santo Papa Pio V e bradou: “Aqui venceremos ou morremos”, e deu a ordem de batalha contra os seguidores de Maomé. Os primeiros embates foram favoráveis aos muçulmanos, que, formados em meia-lua, desfecharam violenta carga. Os católicos, com o Terço ao pescoço, prontos a dar a vida por Deus e tirar a dos infiéis, respondiam aos ataques com o máximo vigor possível.
Mas, apesar da bravura dos soldados de Cristo, a numerosíssima frota do Islã, comandada por Ali-Pachá, parecia vencer. Após 10 horas de encarniçado embate, os batalhadores católicos receavam a derrota, que traria graves conseqüências para a Civilização Cristã européia. Mas, ó prodígio! Ficaram surpresos ao perceberem que, inexplicavelmente e de repente, os muçulmanos, apavorados, bateram em retirada...
Obtiveram mais tarde a explicação: aprisionados pelos católicos, alguns mouros confessaram que uma brilhante e majestosa Senhora aparecera no céu, ameaçando-os e incutindo-lhes tanto medo, que entraram em pânico e começaram a fugir.
Logo no início da retirada dos barcos muçulmanos, os católicos reanimaram-se e reverteram a batalha: os infiéis perderam 224 navios (130 capturados e mais de 90 afundados ou incendiados), quase 9.000 maometanos foram capturados e 25.000 morreram. Ao passo que as perdas católicas foram bem menores: 8.000 homens e apenas 17 galeras perdidas.
* * *
Enquanto se travava a batalha contra os turcos em águas de Lepanto, a Cristandade rogava o auxílio da Rainha do Santíssimo Rosário. Em Roma, o Papa São Pio V pediu aos fiéis que redobrassem as preces. As Confrarias do Rosário promoviam procissões e orações nas igrejas, suplicando a vitória da armada católica.
O Pontífice, grande devoto do Rosário, no momento em que se dava o desfecho da famosa batalha, teve uma visão sobrenatural, na qual ele tomou conhecimento de que a armada católica acabara de obter espetacular vitória. E imediatamente, exultando de alegria, voltou-se para seus acompanhantes exclamando: “Vamos agradecer a Jesus Cristo a vitória que acaba de conceder à nossa esquadra”.
A milagrosa visão foi confirmada somente na noite do dia 21 de outubro (duas semanas após o grande acontecimento), quando, por fim, o correio chegou a Roma com a notícia. São Pio V tinha meios mais rápidos para se informar...
Em memória da estupenda intervenção de Maria Santíssima, o Papa dirigiu-se em procissão à Basílica de São Pedro, onde cantou o Te Deum Laudamus e introduziu a invocação Auxílio dos Cristãos na Ladainha de Nossa Senhora. E para perpetuar essa extraordinária vitória da Cristandade, foi instituída a festa de Nossa Senhora da Vitória, que, dois anos mais tarde, tomou a denominação de festa de Nossa Senhora do Rosário, comemorada pela Igreja no dia 7 de outubro de cada ano.
Ainda com o mesmo objetivo, de deixar gravado para sempre na História que a Vitória de Lepanto se deveu à intercessão da Senhora do Rosário, o senado veneziano mandou pintar um quadro representando a batalha naval com a seguinte inscrição: “Non virtus, non arma, non duces, sed Maria Rosarii victores nos fecit”. (Nem as tropas, nem as armas, nem os comandantes, mas a Virgem Maria do Rosário é que nos deu a vitória).
(Cfr. Espasa-Calpe, Madrid, 1951)