31 de outubro de 2009

Um “oceano” de quase dois milhões de anti-abortistas tomou a capital espanhola

Como mineiro, na minha infância intrigava-me, não sem franca simpatia, o nome de uma cidade próxima da minha: Mar de Espanha. E me punha a imaginar como seria o mar ibérico. Essa imagem voltou-me há pouco, quando das recentes manifestações contra o aborto ocorridas naquele país, reunindo um verdadeiro mar; não de água, mas de espanhóis.

Com efeito, as ruas do centro de Madrid ficaram abarrotadas pelo protesto contra a lei do aborto proposta pelo primeiro-ministro José Luis Zapatero. A manifestação --­­ talvez a maior na história da Espanha -- foi um verdadeiro clamor popular contra o massacre silencioso de nascituros.

Recebi de nosso amigo Miguel Vidigal -- que participou da gigantesca manifestação enquanto representante de algumas associações anti-aborto do Brasil -- um CD com muitas fotos que ele tirou, bem como um artigo de sua autoria, que a revista Catolicismo publica em sua edição de novembro.

Faço questão de transcrevê-lo neste blog, porquanto em massa nossos meios de comunicação de massa não deram o destaque que merecia uma manifestação jamais vista contra a prática abortiva.

Em solidariedade ao grandioso evento de Madrid, em diversos países ocorreram protestos frente às embaixadas espanholas. Mais abaixo, transcrevo notícias de dois países, Colômbia e Polônia, dos quais recebi informações e fotos.

Proximamente, veremos se o governo socialista acatará a vontade popular contrária ao aborto -- 77% dos espanhóis se opõem à lei genocida do primeiro-ministro --, arquivando seu projeto de lei; ou se obedecerá à palavra de ordem do lobby internacional, que não poupa esforços e dinheiro para impor as mais radicais leis favoráveis ao crime do aborto. Neste caso, a crescente indignação dos espanhóis poderia exigir a renúncia de Zapatero, que melhor faria se deixasse a política e fosse buscar, por exemplo, a digna -- mas quão diversa -- profissão indicada pelo seu sobrenome.


Gigantesca marcha contra o aborto
em Madrid


• Miguel da Costa Carvalho Vidigal



Em 17 de outubro, tive a honra de participar da grande manifestação que encheu as principais avenidas de Madrid: 41 associações da sociedade civil espanhola nomearam a cidade Capital of Life e reuniram quase 2 milhões de pessoas sob o lema "Cada Vida Importa", para protestar contra a atual lei abortista vigente na Espanha, bem como rejeitar o aberrante projeto de lei proposto pelo governo socialista.

O aborto nunca foi aceito pelos espanhóis, embora manobras políticas escusas o tenham parcialmente legalizado no país em 1985. O governo socialista do primeiro-ministro Zapatero, que vem colecionando quedas de popularidade, enviou ao Congresso um projeto de lei que amplia a prática do aborto e, entre outras medidas, autoriza adolescentes de 16 anos a abortar sem consentimento dos pais.

Miguel Vidigal, representando associações anti-aborto do Brasil, no momento de seu discurso

As associações brasileiras Brasil pela Vida, Juventude pela Vida e Nascer é um Direito, após aderirem à manifestação anti-abortista, foram convidadas a participar de forma mais ativa na mesma. Tive a oportunidade de pronunciar, em nome delas, um discurso em apoio àquela importante iniciativa de defesa de dois princípios básicos da civilização cristã: o da vida e o da família; e transmitir aos participantes a garantia de que tais princípios seriam sempre defendidos em nosso País por todos os aderentes das referidas associações.




A mensagem do presidente do “Foro Español de la Familia”, Benigno Blanco

O Foro Espanhol pela Família organizou o que provavelmente foi a principal marcha anti-abortista de todo o mundo. A mensagem era clara: “Queremos fazer chegar ao mundo a mensagem de que o debate sobre o aborto não está fechado, e que somos milhões de pessoas comprometidas a não deixar que se encerre o assunto até que não haja mais nenhum aborto”, como declarou Lourdes del Fresno y Torrecillas, uma das mais atuantes organizadoras da marcha. Suas palavras foram repetidas no discurso pronunciado pelo presidente do Foro Espanhol pela Família, Benigno Blanco. Lembrou ele ainda que a manifestação não podia encerrar-se ali, mas deveria ser o início de uma luta que cada um teria de conduzir no dia-a-dia, sobretudo em face de leis e pessoas que se esforçam por destruir a vida. Blanco pediu ainda que se estabeleça uma união entre todos os pró-vida do mundo, e que nenhum egoísmo particular faça separar os soldados desse combate.

Organizações de todo o mundo aderiram à imponente manifestação. Além dos representantes brasileiros, membros de organizações americanas, italianas, alemãs e francesas se dirigiram ao público. Assim, o Sr. Georges Martin (na foto acima, à direita), representante da associação francesa Droit de Naître (Direito de Nascer), lembrou que o resultado de 34 anos de lei do aborto em seu país foi terrível; mas, se o projeto espanhol for aprovado, será sem dúvida o mais grave ordenamento jurídico da Europa em matéria de aborto.

Aspectos marcantes da multitudinária manifestação
Destacamos alguns pontos desta marcha espanhola, genuinamente popular.
Em primeiro lugar, a quantidade de pessoas presentes: o cortejo deveria transcorrer tão somente numa larguíssima avenida que liga a Porta do Sol até a Porta de Alcalá; esse espaço foi insuficiente, e as principais avenidas da região central, como Goya e Serrano, também foram ocupadas. Nesse sentido são ilustrativos os vídeos filmados por helicópteros que sobrevoaram o centro madrilenho. Ademais, os maiores jornais europeus viram-se obrigados a estampar em suas primeiras páginas um tema que costuma receber pouco destaque da mídia: manifestação pública de peso contra o aborto. Três dias após o acontecimento, ainda havia debates em colunas dos principais periódicos sobre o enorme sucesso da marcha.

Convém destacar outro aspecto: a convicção dos presentes. Não se tratava de simples protesto contra o projeto de lei do governo socialista, mas uníssona exigência de que o aborto volte a ser considerado crime. Mesmo estando presentes diversos líderes políticos do PP (partido considerado de centro-direita), os manifestantes ressaltaram que, durante oito anos de governo, o ex-primeiro-ministro Aznar (PP), também ele participante da manifestação, não se ocupou do tema aborto, permanecendo a atual lei abortista.

As promessas de uma luta constante em defesa da vida foram marcantes. Mas será preciso que esse movimento siga as palavras de Benigno Blanco: que a luta não se limite a uma única manifestação.
Madrid foi a Capital of Life 2009. Qual será a de 2010?


Melhor que as palavras, as fotos falam por si. As ruas abarrotadas mostram que o dia 17 de outubro de 2009 deve ser considerado histórico. Chamo a atenção para a quantidade de jovens presentes e famílias inteiras unidas -- avós, pais, filhos, muitos em carrinhos de bebês.




Poloneses solidários aos espanhóis no combate ao aborto



Leonardo Przybysz

Por iniciativa da Associação pela Cultura Cristã Padre Piotr Skarga e da Federação Polonesa dos Movimentos em Defesa da Vida, numerosos poloneses realizaram no dia 17 de outubro manifestação contra o aborto diante da embaixada da Espanha em Varsóvia, sob o lema Solidários com os espanhóis em defesa da vida. Empunhando cartazes e bradando slogans, os poloneses solidarizaram-se com a grande manifestação de centenas de milhares de pessoas realizada nesse mesmo dia em Madrid. Entre os slogans e cartazes, destacaram-se os seguintes: Cada vida é inestimável Zapatero, não mate a consciência da Espanha.

Os manifestantes rezaram um terço na intenção das vítimas do aborto, pedindo a Deus que não permita na Espanha a aprovação do projeto de lei que admite o aborto até entre adolescentes de 16 anos, mesmo sem autorização dos pais. O projeto pretende ainda obrigar os médicos e todo o serviço hospitalar a realizar abortos, sob as penas da lei, sem direito a alegar a questão de consciência.

No final do ato, os manifestantes entregaram ao embaixador da Espanha na Polônia um apelo contrário ao iníquo projeto de lei.

Colombianos solidários aos espanhóis
no combate ao aborto


• Luis Fernando Escobar

No dia 17 de outubro, centenas de milhares de pessoas encheram as ruas de Madrid para protestar contra o aborto. Manifestações com o mesmo objetivo realizaram-se em outros locais em todo o mundo.

A Colômbia não ficou atrás: a multidão que saiu às ruas de Medellín e Bogotá contou com caloroso apoio dos passantes. Às 10 horas, as representações espanholas em ambas as cidades viram-se cercadas por estandartes, faixas e numeroso público, que ali se congregou para iniciar uma caminhada. Em Bogotá, ela seguiu até a casa do embaixador espanhol. Uma imagem de Nossa Senhora de Fátima presidia a marcha, seguida pelos jovens da associação Colômbia necessita de Fátima, entidade co-irmã da família de associações que, em diversos países, defendem a tradição, a família e a propriedade.

À manifestação uniram-se destacados políticos católicos e uma constelação de entidades religiosas e civis. No final, foi entregue uma carta de protesto ao secretário do embaixador, que garantiu fazê-la chegar às mãos do primeiro ministro-espanhol.

Um dos participantes declarou: “A marcha foi brilhante, seja pelos brados contra o aborto, seja pela recitação do Santo Rosário; ela cortou a aparente apatia dos transeuntes, os quais aplaudiam os manifestantes. O trânsito numa importantíssima avenida parou, e os motoristas esperaram sem reclamar”.




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A multitudinária manifestação anti-aborto foi largamente noticiada por grandes jornais da Espanha (abaixo algumas capas)



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