30 de novembro de 2012

O caótico sistema de ensino no Brasil

Da esq. para a dir: Dr. Caio Vidigal Xavier da Silveira, Dom Mathias Tolentino Braga, Dr. Adolpho Lindenberg, Dr. Mario Navarro da Costa

Daniel F. S. Martins

Em evento promovido pelo Instituto Plinio Corrêa de Oliveira, o Abade do Mosteiro de São Bento de São Paulo, Dom Mathias Tolentino Braga OSB, proferiu ilustrativa palestra no Club Homs, na Av. Paulista, no dia 29 de novembro, sobre o tema: Crise no Ensino Fundamental e Médio põe em risco a educação que você dá para seus filhos. Abriu a sessão o Dr. Adolpho Lindenberg, presidente do Instituto.
Estando à frente de tradicional instituição de ensino, o Abade do Mosteiro São Bento demonstrou segurança ao expor sobre o processo de decadência que o sistema educacional vem sofrendo. A primeira semente dessa decadência começou a brotar já na Renascença, com a perda da sadia autonomia das universidades, dando lugar a um controle cada vez maior por parte do Estado, sobretudo dos príncipes influenciados pelo protestantismo nascente no século XVI. Esse processo chegou até nossos dias, em que o Estado suplantou a proeminência da Igreja no ensino e passou a controlar tiranicamente as instituições, impondo-lhes seu viés marxista e imoral.
O conferencista salientou, citando documentos da década de 50, que desde aquela época já se sentia uma diminuição do primado da formação moral nas escolas. Hoje a “formação de valores” está às avessas: os valores transmitidos aos escolares são princípios opostos à doutrina e à moral católicas. As instituições de ensino quiseram “libertar-se” dos dogmas, dos “tabus” e da sã doutrina, dando lugar a um liberalismo exacerbado e a uma contestação sistemática de tudo quando nos legou a civilização cristã.

Segundo Dom Mathias, o poder público faz um trabalho silencioso para que as escolas “libertem as pessoas dos princípios ainda sustentados em muitas famílias”. Assim, as crianças que ainda aprendem em casa que casamento só existe entre um homem e uma mulher, quando chegam à escola têm de ouvir uma cantilena interminável baseada na “ideologia de gênero”.
Ele denunciou que essa ideologia esquerdista tem sido veiculada de maneira transdisciplinar, isto é, em todas as matérias há pretexto para se introduzir algum anti-princípio. O Ministério da Educação tem feito nos últimos anos uma triagem de todos os livros didáticos – aqueles que não seguem à risca sua agenda são tirados do rol de obras aceitas. Os novos livros, à pretexto de interdisciplinaridade, introduzem as ideias que o governo quer inculcar. Assim, nos novos livros didáticos se encontram enunciados de matemática (sic!) que contam estórias e problemas envolvendo duplas homossexuais, para acostumar os alunos a esse novo tipo de “relação parental” (novo nome para família…).

No ensino de História, são simplesmente descartados os livros que não repitam a ladainha de imprecações à Igreja como instituição opressora, e que não pintem um quadro negro da Idade Média e da civilização cristã. Os livros atuais devem suscitar a luta de classes, a consciência social (leia-se ideologia marxista) e a mais desabrida libertinagem (os chamados manuais de educação sexual). Com efeito, se os alunos não entrarem por essas sendas, serão mal classificados ou até desclassificados pelo ENEM ou pelo ENADE…

O abade beneditino terminou sua exposição conclamando todos a não cruzarem os braços nesta situação difícil, especialmente as instituições católicas, que devem voltar a ser o que eram no passado e fazerem frente às pressões da tirania ideológica governamental.


No final, o abade abençoou uma grande quantidade de medalhas exorcísticas de São Bento (fotos no final), fundador de sua ordem, que foram em seguida distribuídas aos presentes.
Em seguida, o Dr. Mario Navarro da Costa (acima, à direita), diretor do escritório da TFP norte-americana em Washington, pronunciou algumas palavras sobre o sistema de homeschooling (ensino em casa), muito difundido  com grande sucesso nos Estados Unidos.

Coube ao príncipe Dom Bertrand de Orleans e Bragança (abaixo, à esquerda) encerrar a sessão, citando pronunciamentos de Plinio Corrêa de Oliveira sobre o ensino católico e reforçando a convocação para uma atitude militante em face dos descalabros da educação moderna revolucionária.


Flagrantes da benção das Medalhas de São Bento pelo Abade Dom Mathias e sua distribuição 

Flagrantes da conferência

Flagrantes do cocktail e rodas de conversas após a conferência

27 de novembro de 2012

INVERNO DEMOGRÁFICO

O artigo abaixo, publicado no semanário “Expresso” (Portugal) em 10-11-12, trata do gravíssimo problema demográfico que a nação portuguesa enfrenta, mas pareceu-me que esse “Diário de um Pai” (português) vale igualmente para os pais brasileiros. Pois, como recentes estatísticas têm demostrado, o Brasil está deixando de ser um país de jovens, devido ao programa (suicida) de controle de natalidade.

"Suicida", sim, uma vez que o envelhecimento da população brasileira avança (para o abismo) tragicamente. Segundo um relatório do Fundo de População das Nações Unidas, traçando o perfil demográfico de vários países, no que concerne ao Brasil registra: “A previsão é que o número de idosos triplique de hoje até 2050 – passando de 21 milhões para 64 milhões. Por essas previsões, a proporção de pessoas mais velhas no total da população brasileira passaria de 10%, em 2012, para 29%, em 2050”. Tal constatação soa até como castigo para uma nação que mata seus filhos por meio do aborto e de outros meios contraceptivos.

DIÁRIO DE UM PAI 

por Henrique Raposo
In Expresso, 10-11-2012 

Esta semana, a pátria teve um leve sobressalto quando viu a taxa de natalidade, mas o assunto voltou rapidamente à coleção de não-assuntos. Eu compreendo: se começassem a falar de apoios à natalidade, políticos, jornalistas e comentadores ainda perderiam, coitadinhos, as credenciais progressistas.

Como se sabe, esses assuntos são coisas de fachos e reacionários, e há que manter a feira das vaidades moderninhas e pós-moderninhas até ao fim. Se nada for feito ao nível das políticas de família, Portugal vai atravessar um inverno demográfico que criará a tempestade perfeita. A atual crise é um pequeno aguaceiro ao pé do “Sandy” demográfico que estamos a cozinhar.

Eu não exijo capas esvoaçantes e um S no peitoral, mas acho que ser pai nesta Terra já deve dar para entrar na escolinha dos super-heróis. Até porque o tal Estado social não existe neste campo. Já sou pai, e continuo sem ver o Estado social. Começo a achar que este ser omnipresente mas invisível é um daqueles clubes seletos que exigem sangue azul ou coisa parecida. É que encontrar uma creche financeiramente acessível é como encontrar um homem honesto no Parlamento. As IPSS de bairro são, sem dúvida, a melhor solução, mas repare-se na perversão do sistema: se tiver um rendimento mensal de 2250 euros, o casal já paga a mensalidade máxima, cerca de 400 euros. É outra renda, que se junta à renda da casa e à renda das fraldas, medicamentos, pediatra, brinquedos, leite de transição, frutinha, sopinha, roupinha e o cartão de sócio do Benfica.

Como se tudo isto não fosse suficiente, os mais velhos dizem-me que o sistema fiscal não valoriza os filhos na declaração de rendimentos. Eu não sei onde é que anda o Estado social, mas sei que o dito não está no sítio que deveria ser a sua primeira prioridade: as crianças, a formação da família, a saúde demográfica da sociedade. Há muito Estado e pouco social no tal Estado social. Num país esmagado por impostos e pela despesa pública, é incompreensível esta ausência do Leviatã no mundo fofo das babás. Mas, afinal, para onde é que vai o dinheiro dos nossos impostos? 0 Estado fica com metade da nossa riqueza e, mesmo assim, é incapaz de apoiar como deve ser a rede de creches já instalada. Repare-se que não é preciso colocar a MotaEngil a fazer uma rede de creches estatais. Basta apoiar e expandir as IPSS que já estão no terreno.

A fim de diminuir as mensalidades dos pais, estas instituições deviam receber mais dinheiro dos nossos impostos. Se não serve para apoiar as crianças e as famílias, se não serve para garantir o futuro, o Estado social serve exatamente para quê?

A Maria quer ser mãe, mas tem uma complicação: entra na maternidade e tem de fazer um aborto forçado. Além da dor física e mental, Maria tem de pagar uma taxa moderadora e os medicamentos.

Joana não quer ser mãe, entra na maternidade e faz uma “interrupção voluntária da gravidez”. Além de não pagar nada ainda recebe uma espécie de subsídio de maternidade.

Até parece piadinha.

23 de novembro de 2012

“Educação” nos colégios acelera desagregação da família

Convite para conferência Dom Mathias Tolentino Braga, abade do Mosteiro de São Bento, a respeito de graves problemas na educação ministrada nos colégios brasileiros. Dom Mathias alertará aos pais e mães de família preocupados com seus filhos em idade escolar e discorrerá sobre a grave crise que atravessa o Ensino Fundamental e Médio. 


Texto do site do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira (www.ipco.org.br) sobre a importante conferência:

Infelizmente muitos de nossos filhos e netos saem “deseducados” da escola, sem respeito pelos mais velhos, com ensinamentos torpes na ponta da língua, muitas vezes ocasionado pelas aulas imorais de educação sexual. 

Tudo o que você lhes ensinou dentro de casa corre o risco de ir pelo ralo quando as crianças saem para “estudar”. 

Preocupado com esta terrível atualidade, o abade Dom Mathias Tolentino Braga, com larga experiência no próprio Colégio São Bento, na capital paulista, aceitou nosso convite para ministrar a conferência: 
• Alerta vermelho — Crise no Ensino Fundamental e Médio põe em risco a educação que você dá para seus filhos. • Saiba como se proteger desse sistema de ensino equivocado que está sendo implantado nas escolas.  
Data: 29 de novembro de 2012
Horário: 19h (recepção) 19h30 (início da conferência)
Local: Clube Homs – Av. Paulista, 735
(a 100 metros do metrô Brigadeiro – há estacionamento pago no local)

Para se inscrever gratuitamente click aqui:

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A propósito do importante tema da mencionada conferência, para se apalpar até que descalabro chegou nossas escolas e como muitas delas corrompem nossas crianças, leiam a mensagem abaixo que recebi recentemente: 

“Um amigo me enviou uma matéria por e-mail que me deixou de cabelo em pé. 
“Imagine você que uma professora da 4ª série do Ensino Fundamental de uma escola pública de Contagem – MG, passou um trabalho com conteúdo imoral e vergonhoso a seus alunos de apenas 10 anos de idade. 
“Ao tomar conhecimento do conteúdo do trabalho os pais ficaram tão indignados, que alguns até fizeram boletim de ocorrência na delegacia.
“Desculpe entrar nesse tema, mas não tenho outro jeito de lhe contar a coisa: O trabalho consistia em perguntas sobre posições sexuais, sexo grupal, sodomia (com outro nome indizível) e homossexualismo. 
“É inadmissível uma coisa assim. Expor crianças — sim crianças! — a este tipo de situação que envergonha e que está totalmente fora dos padrões morais.
“E sabe o pior disso tudo, Paulo? 
“Segundo a professora, o Ministério da Educação (MEC) não só é conivente com isso como apoia totalmente o ensino sexual nas escolas da rede pública”.


Para assistir a conferência de Dom Mathias, inscreva-se sem nenhum custo:  click aqui:

20 de novembro de 2012

EUROPA: A crise é de ordem espiritual. E no Brasil?

Nesta Babel de notícias que revelam a existência de um plano internacional para se acelerar a destruição da instituição da família (com a aberrante promoção do homossexualismo, do controle de natalidade, do aborto, da eutanásia, do divórcio etc.), deparei-me hoje com uma reportagem auspiciosa para as famílias. Tal notícia encontra-se no site http://infocatolica.com (18-11-12). 

Por ocasião do XIV Congresso de Católicos e Vida Pública (foto acima), realizado nos dias 16, 17 e 18 de novembro na Universidade San Pablo-CEU, de Madrid, o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, discorreu sobre o tema “Esperança e resposta cristã à crise”, tendo sido calorosamente aplaudido.

Entre outras coisas, ele afirmou que a crise econômica europeia se deve principalmente a uma crise de ordem espiritual, e que somente por meio da restauração dos valores cristãos é que a Europa poderá ser regenerada. 

A seguir, um resumo da conferência de Orban que preparei para os nossos leitores, pois sua tese vale para Brasil — tanto quanto à solução apresentada para a crise, quanto ao que ele fala de políticos europeus, que se pode aplicar aos quadrilheiros que operam (assaltam) neste Pindorama. 

A CRISE ECONÔMICA NÃO VEIO POR ACASO 


O primeiro-ministro húngaro Viktor Orban (foto ao lado) respondeu à pergunta de como foi possível o desmoronamento do sonho de união europeia. Segundo ele, a crise europeia não veio por acaso, mas pela falta de responsabilidade de seus líderes políticos, quando questionaram as raízes cristãs da Europa, que são a força motriz do Velho Continente. 

Como exemplo do atual colapso econômico europeu, citou a questão do crédito, que antes era concedido a pessoas responsáveis, mas que depois passou a ser concedido a representantes de países não comprometidos com o cristianismo. O que levou nações inteiras a se escravizarem ao crédito — o que não teria acontecido numa Europa verdadeiramente cristã. 

Ele lembrou que no Antigo Testamento a usura era proibida, e que a Igreja sempre rejeitou cobrança de juros abusivos, mas que atualmente os créditos foram desvinculados de responsabilidades morais. O que aprofundou a crise.

Segundo Orban os líderes europeus fizeram carreira, ganharam muito dinheiro e desprezaram os valores cristãos, especialmente a defesa da família e da vida. 

O primeiro-ministro húngaro declarou sua crença de que por trás de uma economia bem-sucedida há "algum tipo de força motriz espiritual" e que "a Europa governada de acordo com os valores cristãos se regeneraria". 


Deu o exemplo do seu país, explicando que a Hungria — uma nação pobre devido ao legado do regime comunista, que a subjugou por décadas e na qual a pensão média era de apenas 250 euros — teve início uma reconstrução moral. Ele lembrou que seu primeiro rei, Santo Estêvão (quadro ao lado) , ofereceu suas armas e o reino à Virgem Maria. Assim, a nova Constituição húngara é baseada na dignidade, na liberdade, na família, na fidelidade, com obrigação expressa de ajudar os pobres. Ou seja, ela é baseada nos valores cristãos. O que irritou profundamente a esquerda europeia, que chegou a condenar a Hungria no Parlamento de Estrasburgo. Este deseja converter a Europa num continente ateu, no qual o conceito de família seja substituído pelo individualismo. 
Armas da Hungria: a coroa de Sto. Estevão, o cetro, a espada e o globo
Com base em sua própria experiência, Viktor Orban propôs uma renovação da cultura e da política baseada nos valores cristãos. Para ele, não há outro caminho. Ao afirmar isso, o primeiro ministro foi entusiasticamente aclamado pelo público com aplausos que duraram alguns longos minutos.
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Com essas excelentes ideias, o valoroso primeiro-ministro húngaro será convidado pelo nosso Congresso para falar em Brasília?...
Parlamento Húngaro, em Budapeste (Capital)

11 de novembro de 2012

Século XIX — A dama, rainha na sociedade, e o cavalheiro




Continuação do post abaixo (do dia 9-10-12: SéculoXIX — saudades da época de bom gosto anterior à Revolução Francesa, com trechos do livro “A HISTÓRIA DA POLIDEZ — de 1789 aos nossos dias”, de autoria de Frédéric Rouvillois.
 “‘A imagem de um século XIX sombrio e triste, austero e constrangedor para as mulheres, é uma representação espontânea’ (1) — mas sumária, e particularmente inexata. Se o Código Civil adotado em 1804 coloca de fato as mulheres sob a dependência de seus maridos, considerando-as, numa palavra, seres inferiores, debaixo de tutela, é preciso reconhecer que a sociedade, a opinião e a literatura promovem uma imagem muito diferente.
Ao homem, a dominação física e, portanto, a autoridade, o comando, a vontade. O homem, declara assim a baronesa Staffe, é ‘aquele a quem a natureza e a sociedade fizeram o mais forte’.(2). Mas à mulher cabe outro tipo de superioridade moral.
Na década de 1830, madame Celnart recomendava à mulher jamais esquecer que, se ‘ela pode ser superior em espírito, por sua força de vontade [...], exteriormente ela deve ser mulher! Deve agir como esse ser feito para agradar, para amar, buscar um apoio, esse ser tão diferente do homem e tão semelhante ao anjo’.(3) E na mesma época Balzac estigmatizava, sob a pose altiva de madame Rabourdin, o que ele chamava ironicamente ‘a mulher superior’, essa que pretende brilhar por seu espírito ou por seus talentos, independentemente de seu marido e acima dele.
No cômputo geral, a mulher aparece como ao mesmo tempo superior e inferior — colocada num estado que participa da perfeição angélica e da fragilidade pueril. Percebida como essencial, essa diferença entre os sexos deve, a qualquer preço, ser preservada e valorizada.
A rainha e o cavalheiro
Considerados essencialmente diferentes, homens e mulheres obedecem, em suas relações mútuas, a regras distintas, concebidas em função do que os caracteriza.
Do lado dos homens, sua superioridade física e sua inferioridade implicam que eles deem proteção e respeito às mulheres.
Quanto às mulheres, seu estado lhes proporciona certamente múltiplos privilégios, mas também acarreta constrangimentos e interdições sem conta. Para retomar um jargão familiar aos juristas, pode-se dizer que a polidez lhes impõe sobretudo obrigações do ‘não fazer’, numa palavra, interdições, e isso se relaciona ao que, supostamente, é a sua natureza, a meio caminho entre o anjo e a criança — ao passo que os homens, seres ativos, voluntariosos, agentes, se veem submetidos às obrigações do ‘fazer’.
A natureza e a sociedade, explica sem rir a baronesa Staffe, fizeram o homem mais forte, para que ele fosse o protetor da mulher.(4) [...]
A devida proteção à dama
Assim, observa a madame Celnart, ‘a decência exige que um cavalheiro ofereça seu braço a uma dama que passeia a seu lado; a galanteria exige que ele lhe solicite permissão para carregar o que ela traga nas mãos, como uma sacola, um livro, uma sombrinha (com o sol já posto); em caso de recusa, ele deve insistir. Acompanhado de duas damas, o homem não deve se dispensar de dar o braço a cada uma delas’.(5) Com a  graça de Deus, é excepcional o caso do infeliz caminhante que se defronte com o terrível drama de consciência advindo de a regra exigir, de forma imperiosa, que se ofereça à dama o braço esquerdo — sendo  incomensuravelmente raro que se tenha dois deles...
Mas, então, por que o braço esquerdo? Para que a dama acompanhada por ele se mantenha sob sua proteção: enquanto ela se apoia em seu braço esquerdo, o homem deve manter livre seu braço direito, de prontidão, para defende-la em caso de necessidade. Defendê-la, explica a esse propósito a condessa de Gencé, deve ser tomado aqui ‘em sua acepção mais ampla. Defender quer dizer tanto proteger materialmente contra os perigos quanto facilitar as travessias, afastar os importunos, numa palavra: assegurar a passagem e dirigir a marcha’.
Ora, ‘caso o homem se veja na obrigação de proteger a dama contra os malfeitores [...], o braço direito será seguramente o mais útil. Assim, o hábito de oferecer o braço esquerdo resulta em ser lógico, pois é o bom senso que, em matéria de savoir-vivre, proporciona as mais sábias inspirações’.
No entanto, a regra detalhada pela condessa de Gencé, no início do século XX, não parece muito antiga — em 1838, madame Celnart não faz referência alguma a esse respeito — nem muito estrita. Muitos homens, admitindo que o lado direito é o lugar de honra, ‘persistem em oferecer, como se fazia outrora, o braço direito à sua acompanhante’. De fato para dançar, é o braço direito que os cavalheiros oferecem às damas, caso em que a ideia de proteção não tem mais razão de ser, e é o que igualmente sempre fazem aqueles que carregam uma espada, os militares, por exemplo, ‘não para desembainhá-la com facilidade, mas para não prejudicar a passada da montaria’.(6) [...]
Do mesmo modo, na rua, ele cede à mulher a parte alta da calçada, isto é, a parte do passeio mais afastada da rua, fazendo um biombo entre ela e o bueiro — lembrança de um tempo muito recuado em que este não era senão esgoto infecto — e, mais amplamente, entre ela e o exterior. Trata-se, no mais, observa madame Celnart, de uma ‘marca de deferência igualmente devida àqueles que têm direitos respeitantes a nós’(7) — o que demonstra que deferência e proteção podem estar intimamente ligadas, desempenhando o homem, no caso, o papel de um guarda-costas. [...]
A gestão do espaço é aqui manifestação de proteção simbólica. Mas a polidez não exclui a possibilidade de que esta se torne bem real. Assim, caso a mulher acompanhada seja ofendida por outro homem, cabe ao acompanhante, ao cavalheiro, exigir desculpas, e, no limite, reparação pelas armas, como se fosse efetivamente ele, e não a mulher que ele acompanha, a ter sofrido a ofensa. É verdade que um duelo opondo um homem e uma mulher seria não somente contrário a todos os usos, mas propriamente inconcebível: em caso algum um homem bem-educado ergueria a mão contra uma mulher, nem uma dama como deve ser se bateria com um homem. O que não é sempre sem consequências: em junho de 1888, Alphonse Daudet esteve a ponto de se bater em duelo com o jornalista Gabriel Astruc, que tinha escrito um artigo em que insultava sua esposa — e esta chegou a ameaçar o marido com a separação, caso ele não se dispusesse a lavar a afronta. 
Em outro caso, madame Caillaux, mulher do ministro das Finanças, pretendendo punir o editor do Figaro, Gaston Calmette, por haver deixado publicar a correspondência adúltera de seu marido, escolherá — na impossibilidade de um duelo — assassinar o jornalista a tiros de revólver. Conta-se, na época, que, enquanto o policiais entravam em diligência para detê-la, a homicida em potencial teria apostrofado: ‘Não me toquem, eu sou uma dama’.(8)
Mas o homem, protetor nato da mulher, lhe deve também o respeito, esse respeito devido à sua superioridade moral. Um respeito marcado particularmente por meio da saudação, em geral, considerada o mais elementar dos signos exteriores da polidez. ‘Um inferior, qualquer que seja a hierarquia, deverá sempre saudar seu superior. Todavia, um idoso tomará a iniciativa de saudar um homem jovem, caso este esteja acompanhado de uma dama. Mesmo no exército essa regra será rigorosamente observada. Um general deverá saudar, antes, não importa que lugar-tenente, se este estiver em companhia de uma dama. E deverá fazer o mesmo para um ajudante de ordens’.(9) A mulher, qualquer que seja — provado que ela demonstre, como detalha da mesma forma a baronesa Staffe, decência no modo de trajar e um porte adequado(10) — terá direito à deferência naturalmente devida aos superiores, ou aos idosos, qualquer que seja o local do encontro: quando uma mulher entra em sua residência, o dono da casa se inclina diante dela, em princípio tão reverentemente quanto se ele próprio entrasse num salão.
No entanto, se o princípio é estável, incontestado, a prática dessa deferência devida às damas — em especial por meio da saudação — parece sujeita a modas muito flutuantes.
Seria então a mulher, tal como pretende a baronesa Staffe, ‘rainha na sociedade’, e reverenciada pelo homem ‘como um ser mais delicado que ele, como uma pessoa preciosa’?(11) Digamos antes que ela tem, quanto a isso, a ambição, ou a nostalgia. Nostalgia do tempo mítico, em que ‘o príncipe de Ligne, presidente do Senado belga, descobria seus cabelos brancos diante de todas as jovens de baixa corte do castelo de Bel-Oeil’, do tempo em que ‘o orgulhoso Luis XIV [quadro ao lado] erguia seu chapéu diante de uma lavadeira’.(12) Rainha? É o que ela foi outrora, suspira a condessa de Genlis: antes da Revolução. Naquela época, em boa companhia, ‘as mulheres eram tratadas pelos homens com quase todas as atitudes respeitosas prescritas pelos príncipes de sangue; eles não se dirigiam a elas em geral senão em terceira pessoa; entre eles, e diante delas, os homens jamais se tratavam por tu. Quando lhes dirigiam a palavra, era sempre em um tom de voz menos elevado do que o usado entre eles. Essa nuança de respeito’, conclui melancolicamente madame de Genlis, ‘tinha uma graça impossível de descrever’.(13)
Se de fato não é mais rainha, a mulher se mantém sagrada, intocável, o que constitui um considerável privilégio, como afiança Maurice Barrès a Anna de Noailles, a propósito de uma intriga espalhada pela baronesa Deslandes: ‘As mulheres têm verdadeiramente uma irresponsabilidade e um poderio monstruosos. De homem para homem, minha posição seria simples; eu diria: ‘Mas a quem foram mostradas essas cartas? Ao senhor X? Eu vou entender-me com ele’. Seria tudo consensual. Mas, no caso, para além das complicações de detalhe, o fato é que madame D., com seu privilégio de mulher, poderia responder: ‘Eu sei o que sei, eu digo o que digo e me recuso a dar qualquer explicação’.(14) [...]
E isso aconteceria sem que o homem por ela colocado em situação embaraçosa, que ela encurrala até o desespero, pudesse desmentir sem cair no ridículo, ou desafiá-la para um duelo, última solução para resolver, entre homens, os atentados ao decoro e as questões de honra. Em poucas palavras, a mulher, a certos respeitos, está em posição de comando.
Não obstante, essa rainha, essa intocável é também uma escrava, pois tal dignidade e tal superioridade lhe são impostas em troca de obrigações não raro mais pesadas do que as que recaem sobre o sexo oposto. Assim sendo, beneficiárias da proteção dos homens, as mulheres renunciam, no mesmo ato, a toda vontade, a todo poder, a toda autoridade, exceto a mundana e a doméstica.
Em primeiro lugar, sua superioridade moral e mundana faz da mulher a guardiã natural da polidez e do savoir-vivre. Esse lugar comum foi largamente e arrastadamente desenvolvido, em 1801, em um poema medíocre, que, no entanto, gozará de prodigioso sucesso, O mérito das mulheres, de Gabriel Legouvé. No preâmbulo, o autor explica que só as mulheres poderão conduzir o povo francês ‘à genuína urbanidade que quase se perdeu’ [com a Revolução Francesa]. Somente elas, com efeito, ‘aprimoram as maneiras; promovem o sentimento do decoro; são as verdadeiras preceptoras do bom-tom e do bom gosto; elas saberão nos devolver [...] a afabilidade, que era um dos nossos traços distintivos’.(15) É o que continua a repetir, meio século depois, a primeira edição de uma nova revista feminina, O conselheiro das damas [acima, foto da capa]‘As mulheres’, disse em algum lugar madame de Staël, ‘conduzem a sociedade. É sobretudo na França que esse axioma espiritual encontra sua justa aplicação. São as damas de nossos salões que ensinam as regras da verdadeira elegância; somente elas, nesse tempo de lassidão, têm defendido com sua influência civilizadora os princípios do bom gosto, as tradições das belas maneiras e a polidez rara, legada por nossos antepassados’.(16)
Mas exatamente por essa razão, a mulher, e mais ainda a jovem, se submetem a constrangimentos particularmente onerosos. Sobre elas pesam certas restrições, certos interditos desconhecidos dos homens. Assim, o tabaco é geralmente proibido às mulheres, sendo considerado, até o fim do século XIX, como especialmente masculino. Mais constrangedor ainda: até uma idade relativamente mais avançada, uma senhorita só deve sair acompanhada de um parente muito próximo, ou de uma senhora mais idosa, que ganha o título de chaperon, e deve cumprir com zelo seu papel de vigilante.
No início do século seguinte, alguns continuam a ver aí uma interdição necessária, ao passo que outros, a exemplo da condessa de Gencé, constatam, com uma pitada de resignação, que esse ‘velho princípio da polidez francesa, hoje, vem sendo abandonado’, já que daí por diante se chega a autorizar que as jovens, a partir dos 20 ou 21 anos, saiam sozinhas, para passeios na cidade, missas matinais ou visitas de caridade.(17)   
Na realidade, aqui se entremostra uma segunda série de constrangimentos que, na ordem do savoir-vivre, são a contrapartida da proteção de que a mulher se beneficia: o corolário da fraqueza que se lhe atribui e que o decoro a constrange a levar adiante. Supostamente fraca e frágil, ela deve notadamente renunciar a tudo quanto se relacione ao poder e à autoridade, à força e à violência, considerados atributos especificamente masculinos.
Por essa razão, a mulher deve evitar as discussões políticas, que a levariam a se envolver com aquilo que não lhe diz respeito. Como já afirmava madame de Genlis, no início do século XIX, lembrando-se sem dúvida das ambíguas heroínas da Revolução, ‘há de se convir em que, no geral, as mulheres não são talhadas para governar, nem para se envolver nos graves interesses da política’. A prova? ‘Não se encontraria talvez uma só mulher de 20 anos que, dotada de deslumbrante beleza, consentisse (se a troca fosse possível) em abrir mão dela para conquistar um trono’.(18) Em consequência, e ainda que para isso seja preciso fingir, ela deverá ‘nessa conversação, insinuar sua ignorância e se desculpar por não se dispor sequer a emitir uma opinião’. ‘A mulher, continua, a boronesa Staffe, ‘não impõe suas convicções pessoais [...]; um de seus grandes encantos é não posar de superior ao homem, quaisquer que sejam sua inteligência e sua força moral’.(19)
Tal é o leitmotiv do decoro feminino, até a guerra de 1914: reserva e discrição devem marcar cada gesto, cada atitude. O modo de andar, por exemplo, deve ser ‘modesto e compassado’, sem aquela precipitação que, segundo madame Celnart, ensombrece a graciosa decência que caracteriza a mulher.(20) A mulher, acrescenta a condessa Drohojowska, deve mostrar-se amável, cordata, graciosa, mas deve, sobretudo, ‘unir às suas qualidades uma imensa reserva’.(21) No início do século seguinte, a baronesa Staffe ou a marquesa de Pompeillan não dizem outra coisa, ao afirmarem que ‘uma verdadeira mulher do mundo se mostrará reservada em tudo e em toda parte, em casa, na casa de alguém e sobretudo em público’.(22)
Em consequência, proíbe-se, principalmente às jovens, tudo o que poderia ir de encontro a esse princípio, ‘Nada de apertos de mão vigorosos, nada de cruzar as pernas, nada de interesses pelos negócios ou pelo turfe, nada de opiniões categóricas sobre os homens ou as mulheres, nada de familiaridade com os cavalheiros’, lembra a condessa de Gencé. A esse propósito, nem seria preciso dizer que toda iniciativa amorosa é estritamente proibida pelos costumes. Segundo o dito célebre, um homem cortejador é um galante, mas uma mulher que faça o mesmo é apenas uma apreciadora vulgar de galanteios. O máximo que se autoriza às jovens é prestar atenção cordial às galanterias delicadas, ‘desde que’, prossegue a condessa, ‘a galanteria seja uma forma um tanto refinada de polidez’.(23)
Quanto a isso, o século XIX, ‘o século da virgindade’,(24) como por vezes foi qualificado, parece tão afastado do século precedente, quanto do fim do século XX, com sua liberação sexual. É que entre a queda do Antigo Regime e o século seguinte se interpõe a lembrança traumatizante da Revolução — quando se veem, na França, relata madame de Genlis, ‘jovens mulheres de muito boa aparência apresentando-se em público quase inteiramente nuas, como se estivessem na Lacedemônia; tratando-se por tu; [...] dizendo em público, em seu próprio nome, versos eróticos que não poderiam ser assinados nem por homens’.(25) [...]
Dimensão prática da polidez: perenidade da família
Enquanto as opiniões autorizadas por vezes divergem quanto ao sentido e ao alcance de certos princípios de polidez, estes se revelam, quanto a isso, perfeitamente estáveis e concordantes: ‘Um homem que só aplique as regras do savoir-vivre nas suas relações sociais e esqueça-as em família não é um homem de sociedade: tem só o verniz’. Tal julgamento, emitido em 1898 pela marquesa de Pompeillan, ressurge ao longo do século, amparado em justificações ao mesmo tempo utilitárias — é absurdo ser polido no mundo, diante de desconhecidos, com os quais a pessoa talvez jamais volte a se encontrar, e impolido em família, diante daqueles de quem se espera toda a felicidade da vida — e morais.
Nesse quadro privilegiado, a polidez permitirá, de início e efetivamente, evitar que as discussões degenerem em conflito e daí em cenas de descompostura. A baronesa Staffe lembra aos esposos que, em caso de discussão, ‘se souberem refrear qualquer expressão ofensiva ou simplesmente impolida, o bom acordo não tardará a se restabelecer, e um dos cônjuges, o mais dotado, não tardará a ceder. Ao contrário, um dito mordaz, uma palavra injuriosa invocam a tempestade e, não raro, comprometem para sempre o firmamento conjugal’.(27) Percebe-se aí, claramente, a dimensão prática da polidez, fundamento da perenidade da família e da paz dos lares, indispensáveis numa sociedade que proíbe o divórcio ou que o encara sob severa suspeição.
Quanto à intimidade no lar, esclarece madame Celnart, esta pode certamente dispensar certas etiquetas, mas nunca o respeito. Só os abrutalhados imaginam que em família tudo é permitido. Na presença da mulher ou do marido, a pessoa não deve jamais se permitir satisfazer necessidades que introduzam, entre eles, qualquer sentimento de aversão, nem se dedicar a cuidados pessoais que, diante de qualquer um que não seja ela própria, comprometem a decência ou a propriedade — como lavar os pés, cortar as unhas, sair do banho etc.(28)
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Em resumo, para o século XIX, a vida conjugal, mesmo na intimidade, não poderia ser uma no man´s land [terra de ninguém] em matéria de polidez — cuja importância aumenta na medida em que se tende a negligenciá-la, já que a inter-relação é decisiva, pois dela depende o futuro da família, à mercê das consequências por vezes incalculáveis de uma expressão fora do lugar, um gesto mal interpretado, em poucas palavras, uma impolidez qualquer.
Uma das gravuras da revista acima mencionada
Notas:
1. G. Fraisse, M. Perrot, in G. Duby, M. Perrot, Histoires des femmes em Occident, t. IV, p. 13.
2. Baronne Staffe, Indications pratiques pour obtenir um brevet de femme chic, Flammarion, 1907, p. 230.
3. Mme Celnart, Nouveau Munuel complet de la bonne compagnie, op. cit., p. 134.
4. Baronne Staffe, Indications pratiques pour obtenir um brevet de femme chic, op. cit., 1907, p. 230.
5. Mme Celnart, Nouveau Munuel complet de la bonne compagnie, op. cit., pp. 267-268.
6. Comtesse de Gencé, Savoir-vivre et usages mondains, Bibliothèque des ouvrages pratiques, [s.d] (1097), pp. 11-12.
7. Mme Celnart, Nouveau Munuel complet de la bonne compagnie, op. cit., p. 270.
8. Citado por L. Daudet, Paris vécu, 1ª série, Rive droite, 1929, p. 109.
9. Comtesse de Gencé, Savoir-vivre et usages mondains, op. cit., p. 5.
10. Baronne Staffe, Usages du monde, Éditions 1900, 1989, p. 104.
11. Baronne Staffe, Indications pratiques pour obtenir um brevet de femme chic, op. cit., p. 78.
12. Baronne Staffe, Usages du monde, op. cit., p. 103.
13. Dictionnaire de l´étiquette, op. cit., t. II, p. 347.
14. M. Barrès a A. de Noailles, carta de 6 de agosto de 1903, em Correspondance, L´Inventaire, 1994, p. 29.
15. G. Legouvé, Le Mérite des femmes, Camuzeaux, 1835, p. XLVII.
16. Le Conseiller des dames, jornal d´économie domestique et de travaux d´aiguille, 1847-1848, t. I, p. 1.
17. Comtesse de Gencé, Code mondain de la jeune fille, Bibliothéque des oeuvres pratiques, 1909, p. 32.
18. Citado por Mme de Saint El..., Les Femmes au XIXe siècle, 1828, pp. 102-103.
19. Baronne Staffe, Usages du monde, op. cit., p. 226.
20. Mme Celnart, Nouveau Munuel complet de la bonne compagnie, op. cit., p. 49.
21. Comtesse Drohojowska, Conseils à une fille sur les devoir à remplir dans le monde, Lyon, Périsse, 1853, p. 98.
22. Marquise de Pompeillan, Usages du monde dans la societé moderne, le guide de la femme du monde, Pontet-Brault, 1898, p. 228.
23. Comtesse de Gencé, Code mondain de la jeune fille, op. cit. Pp. 32, 228.
24. A. Corbin, em Ph. Ariès, G. Duby, Histoire de l avie privée, Le Seuil, 1987, t. IV, p. 540.
25. Cf. A. Montandon, “Civilités”, em Civilités extremes, Clermont-Ferrand, Association publication faculté Clermont-Ferrand, 1997, pp. 115 sq.
26. Marquise de Pompeillan, Guide de la femme du monde, op. cit., p. 149.
27. Baronne Staffe, Usages du monde, 1989, p. 347.
28. Mme Celnart, Nouveau Munuel complet de la bonne compagnie, op. cit., pp. 23-24.