8 de março de 2013

CONCLAVE — dois temas cruciais: “Autodemolição” e “Fumaça de Satanás”



Paulo Roberto Campos


Pesquisando algumas informações a fim de responder à questão colocada por Conceição Pires  na página própria para comentários referentes à matéria “Tendo em vista o ‘Processo de Autodemolição’ e a ‘Fumaça de Satanás’, os católicos desejam uma coisa: CLAREZA” —, encontrei alguns documentos. Lendo-os, julguei que seria interessante fazer um post com a pergunta e minha resposta, pois seria de algum proveito não apenas para a comentarista, mas também para os demais leitores de nosso blog. Aqui segue: 
“Falar de “autodemolição” e de “fumaça de satanás” na época do papa Paulo VI vá lá. Isto em 1978 até que concordo, mas não concordo em falar disso agora. Esses problemas não foram resolvidos com os papados seguintes? Em qualquer caso, classifico-me como uma pessoa que acha importante rezar para que nenhuma fumaça de satanás consiga diminuir a importância da Igreja Católica”. Conceição Pires 
Seria uma enorme satisfação poder comunicar que a “autodemolição” e a “fumaça de satanás no templo de Deus” — expressões do Papa Paulo VI analisadas por Plinio Corrêa de Oliveira em seu memorável artigo CLAREZA (“Folha de S. Paulo”, 16-8-78) — não constituem mais problemas em nossos dias. 


Igrejas modernizadas,
cerimônias religiosas dessacralizadas
Pelo contrário, de lá para cá os problemas não fizeram infelizmente senão crescer. Basta atentar para o esvaziamento dos templos católicos em decorrência das funestas inovações conciliares, que facilitaram a expansão dos evangélicos. Com o falacioso pretexto de atrair o povo, afastaram-no mediante a modernização das Igrejas e das cerimônias religiosas, como se os fieis não estivessem sedentos das tradições que os padres progressistas aboliram. Estes, afinados no diapasão da “Teologia da Libertação”, transformaram a Santa Igreja de Deus numa verdadeira “Torre de Babel” — na qual reina muita confusão e as pessoas, mãozinhas para o alto, falam e cantam aos berros, tocam qualquer instrumento cacofônico, entram vestidas (ou desvestidas) de qualquer jeito...

Devido à crise da Igreja em seus dias, também João Paulo II e Bento XVI alertaram para os mesmos trágicos problemas.

João Paulo II quando declarou em 1981 que “foram difundidas verdadeiras e próprias heresias, no campo dogmático e moral, criando dúvidas, confusões e rebeliões; alterou-se até a Liturgia”.

Pouco antes de ser eleito Papa, em 2005, comentando a IX Estação da Via Sacra, o futuro Bento XVI escreveu (como ainda hoje li no site do Vaticano): “Deveríamos pensar também em tudo quanto Cristo tem sofrido na sua própria Igreja? Quantas vezes se abusa do Santíssimo Sacramento. [...] Quantas vezes se contorce e abusa da sua Palavra [de Nosso Senhor Jesus Cristo]. Quão pouca fé existe em tantas teorias, quantas palavras vazias! Quanta sujeira há na Igreja, e precisamente entre aqueles que, no sacerdócio, deveriam pertencer completamente a Ele! Quanta soberba, quanta auto-suficiência! [...] Senhor, muitas vezes a vossa Igreja parece-nos uma barca que está para afundar, uma barca que mete água por todos os lados. E mesmo no vosso campo de trigo, vemos mais cizânia que trigo. O vestido e o rosto tão sujos da vossa Igreja horrorizam-nos. Mas somos nós mesmos que os sujamos! Somos nós mesmos que Vos traímos sempre, depois de todas as nossas grandes palavras, os nossos grandes gestos”.

Como nossa missivista, Conceição Pires, pode ver, são os mesmos problemas registrados por Paulo VI em seu tempo. Mas é preciso reconhecer que  ela tem razão ao escrever que acha “importante rezar para que nenhuma fumaça de satanás consiga diminuir a importância da Igreja Católica”.


Imagem de São Pedro na Praça
que leva seu nome, em Roma
Estamos às vésperas de um novo Conclave que escolherá o Papa sucessor de Bento XVI. Rezemos empenhadamente para que o Sacro Colégio dos Cardeais seja dócil à inspiração do Espírito Santo e, assim, o próximo Romano Pontífice tenha a força e a virtude necessárias para fazer cessar o desastroso "processo de autodemolição"; extinguir a maldita "fumaça de satanás" que penetrou no Templo de Deus; restaurar a Igreja e impulsionar o mundo inteiro rumo ao magnífico renascimento da Civilização Cristã. 

A Igreja, santa e imortal, poderá passar por períodos de graves crises — como acontece atualmente nesta crise sem precedentes — mas devemos ter a absoluta certeza de que Ela sairá vitoriosa, pois que a assiste o próprio Nosso Senhor Jesus Cristo, que afirmou: “E eu digo-te que tu és Pedro, e sobre esta Pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (São Mateus 16, 19).

3 comentários:

Bernadete Rodrigues Santos disse...

GOSTO MUITO DE ALGUNS ARTIGOS DE VOCÊS, LUTO, COMO CRISTÃ, PELA SANTIDADE DA IGREJA CATÓLICA, DOU MINHA VIDA POE ELA = CRISTO, SE PRECISO FOR, SEI QUE, TODOS NÓS, PECADORES, QUE FAZEMOS PARTE DELA, COMO MEMBROS DO CORPO MÍSTICO DE CRISTO, A MACULAMOS (E "QUEM NÃO TIVER PECADO" - FORA A CABEÇA: CRISTO "ATIRE A PRIMEIRA PEDRA", MAS... ENTRE FICAR COM VOCÊS QUE CONDENA O CONCÍLIO VATICANO II E A IGREJA, É CLARO QUE ESTOU COM ESTA. SERÁ QUE VCS NÃO PERCEBEM QUE MISTURAM COISAS ESSENCIAIS E SECUNDÁRIAS, COMO SE FOSSEM TUDO UMA SÓ; CUIDADO, MEUS IRMÃOS, PARA VCS NÃO SE TRANSFORMAREM EM SEITA... QUE O ESPÍRITO SANTO LHES DÊ O DISCERNIMENTO. VOCÊS TÊM MTOS VALORES E A IGREJA PRECISA DELES...

Paulo Roberto Campos disse...

Estimada Sra. Bernadete Rodrigues Santos
Primeiramente lhe felicito por sua luta pela Igreja Católica. Se pudesse aconselhar-lhe em algo, este algo seria para encorajá-la a lutar cada vez mais. Ainda que o mundo revolucionário não reconheça tal luta, pouco importa, pois o que importa é servir a Santa Igreja — o Céu será a recompensa demasiadamente grande.
Entretanto noto um incoerência na segunda parte de seu comentário, que talvez não expresse bem o que a Sra. pensa. Talvez por tê-lo escrito apressadamente? Não sei.
O que sei é que, a julgar pelo que ficou escrito, seria o mesmo que dizer: “o médico que batalha para extirpar uma doença, odeia o enfermo”. Muito pelo contrário, quem combate a doença é porque deseja ajudar a pessoa enferma.
No meu artigo comentado pela Sra., de passagem, trato das “funestas inovações conciliares”. Ora, até Papas condenaram as funestas inovações do Concílio Vaticano II.
Vejamos apenas alguns exemplos, extraídos dos três Papas pós-conciliares:
O Papa Paulo VI declarou:
“Também na Igreja reina este estado de incerteza. Acreditava-se que, depois do Concílio, viria um dia ensolarado para a História da Igreja. Veio, pelo contrário, um dia cheio de nuvens, de tempestade, de escuridão, de indagação, de incerteza”.
O Papa João Paulo II escreveu em sua carta aos Sacerdotes para a Quinta-feira Santa (2002): “Neste momento, nós sacerdotes temos sido pessoal e profundamente perturbados pelos pecados de alguns irmãos nossos que atraiçoaram a graça recebida na Ordenação, chegando a ceder às piores manifestações do ‘mysterium iniquitatis’ [mistério da iniquidade] que atua no mundo. Originaram-se assim escândalos graves, com a consequência de uma pesada sombra de suspeita lançada sobre os restantes sacerdotes benfazejos”
Bento XVI, quando ainda Cardeal, Prefeito da Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé, declarou:
"Os resultados que se seguiram ao Concílio parecem cruelmente opostos às expectativas de todos, a começar do papa João XXIII e depois de Paulo VI [...] Os Papas e os Padres conciliares esperavam uma nova unidade católica e, pelo contrário, se caminhou para uma dissensão que — para usar as palavras de Paulo VI — pareceu passar da autocrítica à autodemolição. Esperava-se um novo entusiasmo e, em lugar dele, acabou-se com demasiada frequência no tédio e no desânimo. Esperava-se um salto para a frente e, em vez disso, encontramo-nos ante um processo de decadência progressiva”(Cfr. Vittorio Messori, “A coloquio con il cardinale Ratzinger, Rapporto sulla fede”, Edizioni Paoline, Milano, 1985, pp. 27-28).
A seguir a lógica de seu comentário, Sra. Bernadete, como esses Papas condenaram os erros advindos do Concílio Vaticano II, a Sra. não concordaria com eles. Quero crer que a Sra. não pensa assim, pois apontar os erros que se infiltraram dentro da Santa Igreja, não significa condená-La. A Igreja é nossa Mãe, e combater os lobos que a ameaçam significa o quanto A amamos. Vendo a Igreja nesta crise, sobre a qual trata os três Papas pós-conciliares, não deve diminuir em nada nosso amor por ela, mas, pelo contrário, deve aumentar.
Que sua santa padroeira, Santa Bernadete Soubirous, muito lhe ajude a ver claramente a situação atual no seio da Santa Igreja. Mas, se por ventura, a Sra. julgar que eu é que não estou vendo claro, diga-me no que estou enganado, para que eu possa, se for o caso, corrigir-me. Seria um favor, pois, assim como a Sra., meu desejo é lutar pela Igreja, e mesmo dar a vida por ela se necessário. Como escreveu o grande Santo Ambrósio “Ubi Petrus, ibi ecclesia; ubi ecclesia, ibi Christus” (“Onde está Pedro, está a Igreja; onde está a Igreja, está Cristo”).
Um bom fim de semana para a Sra. e sua família.
PS: No comentário a Sra. se dirige a “VOCÊS”... Não entendi o que a Sra. quis dizer com isso, pois este é um blog de uma só pessoa. Um blog pessoal, no qual expresso minha opinião para meus colegas e para qualquer leitor que tenha a paciência de ler o que escrevo. Às vezes neste blog publico também escritos de outras pessoas, mas com opiniões com as quais concordo.

Parelheiro disse...

Parabéns pelo artigo e pela resposta. Essa Da. Bernadete precisa mesmo de muuuiiiita ajuda de Santa Bernadete de Lourdes para ver claramente a situação da igreja. Quem fala contra uma doença não quer dizer que ele é contra o doente. Como vc disse, pelo contrário quer salvar o doente. É como o médico que amputa um órgão canceroso para salvar a vida do corpo inteiro. Desse jeito somos nós que queremos amputar os erros espalhados pelo Concilio Vaticano II. Isso por amor a Igreja. Que também a Da. Bernadete ama tanto. Mas ela se confundiu no comentário.