4 de novembro de 2014

Meio milhão de franceses nas ruas contra a revolução sexual socialista


*       Marcelo Dufaur
Correspondente em Paris
Fonte: Revista Catolicismo, Edição 767 (Novembro/2014

Cerca de 530.000 franceses desfilaram no dia 5 de outubro em Paris e Bordeaux contra dois projetos imorais do governo socialista: inseminação artificial em duplas lésbicas (procriação medicamente assistida ou PMA) e aluguel de ventres (gestação por outrem ou GPA), este último requerido por um par de homossexuais. Essas operações atualmente são ilegais e portanto não podem ser financiadas pelo sistema público de saúde. 

Os manifestantes foram convocados pelo conjunto de organizações conhecido como “La Manif pour tous”, que nos dois anos anteriores promoveu multitudinários protestos contra o “casamento” homossexual, segundo informou a imprensa francesa, como o periódico “La Croix” (5-10-14), porta-voz oficioso do Episcopado. 


Falava-se anteriormente de certa desarticulação ou desânimo em relação ao movimento. Mas as passeatas mostraram tratar-se de mera torcida esquerdista visando esmorecê-lo. O público familiar, em sua larga maioria católico conservador, demonstrou muita força, deixando atônitos muitos jornalistas, especialistas e sociólogos acostumados aos raciocínios de laboratório.

Infelizmente — e como não é novidade — a grande mídia brasileira pouco ou nada informou sobre essas colossais manifestações populares, que rumam no sentido oposto ao das esquerdas e da Revolução Sexual. 

Procurando esvaziar as manifestações, Manuel Valls, primeiro ministro socialista, concedeu entrevista ao “La Croix”, prometendo que os projetos questionados não serão aprovados. Em promessa de político em apuros, ainda mais sendo ele socialista, só um cúmplice ou um simplório pode nela acreditar. 


“Chega de palavras, nós queremos fatos”

Muitíssimos pais de família acompanhados de seus filhos, bem como numerosas delegações vindas de todos os rincões do país, desfilaram em Paris entre a Porte Dauphine e Montparnasse. 

Tal era a extensão do cortejo, que na altura da famosa cúpula dos Invalides ele passou durante cinco horas!

Muitas faixas exibiam as razões do mal-estar popular: “Espancamento tributário das famílias: STOP”; “O ser humano não é uma mercadoria”, ou ainda “A mulher não é uma máquina de fazer bebês”.

Nada a ver com as passeatas financiadas pelo governo ou por algum grupo de pressão. Os manifestantes pagaram do próprio bolso todas as despesas de transporte e outras, chegando de ônibus, de trem, ou compartilhando os respectivos carros em combinações feitas através das redes sociais.

Laurence veio de Mans (Sarthe) com seus dois filhos pequenos. Ele, que nunca perdeu uma manifestação, disse: “As garantias de Manuel Valls, vê-se bem que são um jogo. Agora chega de palavras, queremos fatos”. 

Um grupo de estudantes veio de Friburgo, Suíça, onde cursam filosofia e teologia. Um deles, Grégoire, de 23 anos, disse sentir-se mal diante das manobras visando “mudar nossa moral para fundamentá-la em outras coisas que não são a ordem natural. A ‘gestação por outro’ conduz à coisificação dos homens e pode dar na eugenia”.

Os manifestantes continuam exigindo a revogação da lei de “casamento” homossexual. 


“Este não vai ser meu presidente” 

Em Bordeaux, entre os 30.000 manifestantes provenientes das regiões do sul como Aquitaine, Midi-Pyrénées, Poitou-Charentes, Limousin e Vendée, não faltavam as críticas contra o prefeito da cidade, Alain Juppé, que embora sendo pré-candidato presidencial de “direita”, declarou que não aboliria a lei de “casamento” homossexual. 

Geoffroy, de 36 anos, pai de cinco crianças e residente em Pau, não distante de Lourdes, montou seu cartaz ironizando os ditos desse político de direita, com a frase: “Este não vai ser meu presidente”. 

“Casamento” homossexual, “gestação por outrem”, “procriação medicamente assistida”, “ideologia de gênero” e outras aberrações igualitárias acabaram formando um pacote de procedimentos moralmente perversos voltados contra a própria finalidade da família e repudiados pelas manifestações. 

Para a imensa maioria dos presentes, a manifestação passa por cima das posições dos partidos políticos, inclusive daqueles que vêm subindo por se dizerem defensores da família. “Não podemos alugar o corpo da família”, insistia Jean-Baptiste de Scorraille, prefeito de bairro em Toulouse. 

Para Constance, 19 anos, de Bayonne, “é importante mostrar com estas manifestações que a família, inclusive os jovens, estão contra este mundo que deseja a mercantilização das crianças”.

Um comentário:

Anônimo disse...

Acho sim este ato de repúdio contra as agressões que a família humana sofre sejam merecedores de apoio por parte de todos e mais ainda por parte dos católicos. Só não gostei do rótulo "socialista" de vez que as libertinagens perpetradas contra o santo matrimônio católico não tem matiz ideológico definido, sendo no meu entender muito questionável o cabimento desta palavra. De resto parabenizo a publicação.