31 de março de 2016

O BRASIL EM HISTÓRICA ENCRUZILHADA


Paulo Roberto Campos

Com o título em epígrafe, foi lançado no dia 27 de março último pelo Instituto Plinio Corrêa de Oliveira um muito oportuno manifesto à Nação. Ele não trata apenas da tremenda crise que deixou o País à deriva — devido à aplicação de um projeto comuno-bolivariano do governo lulopetista —, mas versa também sobre a conjuntura que eventualmente nos aguarda devido à essa crise sem precedentes.


Petismo sem PT 

Em relação ao período “pós-PT” — com impeachment ou não da presidente Dilma Rousseff — o manifesto oferece subsídios para um sadio debate e levanta algumas possíveis soluções e hipóteses. Uma das hipóteses seria o perigo de o País naufragar em mãos de aventureiros ou de um governo que não se apresentaria como petista, mas que continuaria com o mesmo estratagema do PT. Popularmente falando, seria “trocar seis por meia-dúzia” ou “ficar tudo como dantes no quartel de Abrantes”.

Hipótese que se realizaria, por exemplo, com a implantação de um “sistema melancia” (verde por fora e vermelho por dentro), meio ecologista, meio petista. Um regime “comuno-miserabilista” como aquele que arruinou a infeliz Cuba e no qual afunda a vizinha Venezuela, onde o governo bolivariano debilitou as autênticas tradições cristãs consubstanciadas na instituição da família e no direito de propriedade. 



No Brasil, contribuiu para o atual estado de coisas a chamada “esquerda católica” (como a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil e os “teólogos da libertação”), iludindo o povo católico a respeito do PT, exaltando-o e abençoando-o como se fosse uma espécie de “partido salvador do trabalhador oprimido”. Assim, no fundo, o clero esquerdista colabora para a “cubanização” ou “venezuelização” do País. 


“Quero meu País de volta” 

Entretanto, é exatamente isto que o povo brasileiro rejeita. A prova são os recentes e monumentais protestos que transcorreram ordeiros e pacíficos em todo território nacional. Milhões de brasileiros manifestaram-se indignados contra os erros que serpenteiam, espalhados sobretudo pelo PT. Muitos manifestantes bradaram “O Brasil não é Venezuela” ou “Quero meu País de volta”. Eles não suportam mais ver o Brasil desfigurado por ideologias marxistas, diametralmente opostas aos grandes valores de seu glorioso passado

Peçamos ao Cristo Redentor que não permita que a serpente infernal continue afligindo o povo brasileiro, ou enganando-o e conduzindo-o para falsas “soluções”. Mas o Divino Redentor deseja nossa contribuição: não ficarmos de braços cruzados face às investidas venenosas da víbora marxista. Para isso, recomendo atenta leitura do mencionado manifesto, que se encontra disponível no seguinte link:

http://ipco.org.br/ipco/brasil/nacional/brasil-em-historica-encruzilhada



29 de março de 2016

As apreensões dos católicos na véspera da exortação pós-sinodal



Roberto de Mattei (*) 

Nesta Semana Santa de 2016 os sentimentos de tristeza pela Paixão de Cristo que se renova se confundem com os de grave apreensão pela dolorosa situação que atravessa a Igreja. As principais preocupações se referem à próxima exortação apostólica pós-sinodal assinada pelo Papa Francisco no dia 19 de março, mas que só será publicada depois da Páscoa. 

De acordo com o correspondente do Vaticano Luigi Accattoli, “os rumores preveem um texto sem reivindicações sensacionais, doutrinárias ou jurídicas, mas com muitas opções práticas inovadoras no âmbito da preparação para o casamento e os casais em situação irregular: não apenas os divorciados recasados, mas também os casais de fato, aqueles compostos de um crente e ateu, aqueles que são casados só no civil” (“Corriere dela Sera”, 20 de março de 2016). 

Quais são essas “práticas inovadoras”? A palavra-chave no documento é “integração”. Aqueles que estão em situação irregular serão “integrados” na comunidade: poderão se tornar catequistas, animadores litúrgicos, padrinhos de batismo ou confirmação, testemunhas de casamento, e assim por diante. Atividades estas que a prática tradicional da Igreja até hoje lhes proíbe em razão da situação de pecadores públicos. 

Ao contrário, escreve Alberto Melloni no “La Repubblica” de 19 de março, “sobre a comunhão dos divorciados recasados não se esperam novidades. Porque o problema é legitimar uma prática [...], não fundamentá-la teologicamente”. O documento não prevê uma “regra geral” de acesso à Eucaristia, mas deixaria que os confessores e os bispos individualmente permitissem, “caso por caso”, a admissão aos sacramentos. A novidade, explica ainda Melloni, é confiada não às palavras, mas aos fatos, “chamando à responsabilidade os bispos, a quem restitui poderes efetivos, assinalando, como disse o Cardeal Kasper, uma verdadeira ‘revolução’”. 

Agora, imagine que alguém dissesse: “A moral existe, mas se comportem como se ela não existisse”. Sendo a moral a norma da conduta humana, seria um convite para uma sociedade sem regras: um verdadeiro Far-West moral, no qual tudo é permitido, desde que não se o teorize. Jesus disse: “Quem me ama guarda os meus mandamentos” (Jo 14, 21). No caso evocado, em nome de um falso amor misericordioso, se transgrediriam os mandamentos de Deus e se zombaria d’Ele. No entanto, este é precisamente o cenário de “legitimação das práticas”, defendido por Melloni. 

A serem verdadeiros os prognósticos, quem se encontrar numa situação de pecado notório e permanente, poderia assumir o papel de testemunha, guia e educador da comunidade cristã. Isso se aplicaria não só aos divorciados recasados, mas também aos coniventes públicos de todo tipo, heterossexual ou homossexual, sem discriminação. 

Poderia um documento desse naipe beneficiar-se da “hermenêutica da continuidade”, entendida como a tentativa de considerar consoante com a tradição todo ato ou palavra da hierarquia da Igreja, sejam eles quais forem? 

Para que exista continuidade com o passado, não basta reiterar a indissolubilidade do matrimônio. A continuidade da doutrina se prova com os fatos, e não com as palavras. Em face dessas mudanças na prática, como dizer que nada mudará? E como é possível propor como solução a hermenêutica da continuidade, que já falhou no que diz respeito aos documentos do Vaticano II? Em seu discurso de 14 de fevereiro de 2013 ao clero romano, Bento XVI, que foi o promotor mais influente da hermenêutica da continuidade, admitiu o fracasso desta linha de interpretação dos acontecimentos. 

A sua renúncia ao trono papal foi antes de tudo a derrota da tentativa de conter o desvio religioso e moral pós-conciliar situando-se no plano de um debate puramente teológico e hermenêutico. Pelo contrário, quando o próprio Bento XVI se deslocou do plano da hermenêutica ao dos fatos, com a concessão do motu proprio Summorum Pontificum, ele ganhou sua batalha. E o Summorum Pontificum representa o ponto alto do seu pontificado. 

Aqueles que usam o método hermenêutico devem aceitar a possibilidade de diferentes interpretações do mesmo texto ou evento. Se se nega a pluralidade de interpretações, dizendo que um documento ou ato papal tem obrigatoriamente de ser lido em continuidade com o Magistério anterior, o método hermenêutico fica em si mesmo frustrado. Além disso, a probidade da interpretação, como a de todo ato humano, resulta da busca daquilo que é verdadeiro, e não daquilo que é conveniente. 

Por tudo isso, a distinção entre Magistério infalível e não infalível, que admite a possibilidade de erros por parte dos pastores supremos da Igreja, é a única que nos ajuda a explicar a possibilidade de divergências entre documentos do Magistério. Se até documentos do Magistério não infalível, eventualmente dissonantes do ensino tradicional, devessem forçosamente concordar com ele e jamais contradizê-lo, suas palavras perderiam o sentido. A objetividade dos textos seria substituída pela habilidade dialética do hermeneuta, capaz de conciliar o inconciliável. Mas quem iria interpretar a interpretação do hermeneuta? O processo tornar-se-ia interminável e toda hermenêutica seria, como diz o filósofo alemão Otto Friedrich Bollnow, uma “forma aberta”, que poderia conter tudo, porque o centro de gravidade se teria deslocado do objeto conhecido para o sujeito conhecedor. Por outro lado, a hermenêutica precisa da escuridão e só prospera em terras onde não surge o sol da clareza. 

A Exortação pós-sinodal não conterá “nenhuma ruptura”, anuncia Alberto Melloni. O Papa, sabendo o limite estreito que separa a heresia da ortodoxia, não cruza esta linha vermelha, mas se posiciona em uma área cinzenta, evitando o passo fatal que Melloni define como “a dilaceração”. Mas para um documento ser ruim não é necessário que seja formalmente herético, basta que seja deliberadamente ambíguo e, em sua obscuridade, próximo ou indutor da heresia. Entre a verdade e o erro a ambiguidade não é um tertium genus aceitável, mas uma área obscura que precisa ser esclarecida e definida. Um bom documento pode conter alguma passagem dúbia, que deve ser interpretada à luz do contexto geral, mas se as áreas obscuras preponderarem sobre as da luz, a mensagem só pode ser traiçoeira e malsã. 

Já se passaram dois anos desde que o cardeal Kasper começou o debate sinodal, e hoje ele canta vitória ao utilizar a mesma fórmula que propôs no dia 20 de fevereiro de 2014: “A doutrina não muda, a novidade diz respeito apenas à prática pastoral.” Kasper realmente ganhou a batalha? Fazemos votos de todo o coração para que nossas preocupações sejam desmentidas nos próximos dias pelo documento papal. Mas se elas forem confirmadas, esperamos vivamente que os pastores da Igreja que tentaram ao longo dos últimos dois anos barrar o caminho às ideias do cardeal Kasper, agora expressem claramente o seu juízo sobre a exortação pós-sinodal. 

O texto que será publicado é um documento pastoral, que não tem a intenção de formular uma doutrina, mas dar orientações de conduta. Se essas diretrizes não corresponderem às práticas católicas tradicionais, será preciso dizê-lo com franqueza respeitosa. Mais de um milhão de católicos dirigiram uma “Petição Filial” ao Papa Francisco, pedindo-lhe uma palavra clara sobre as questões morais sérias de nossos dias. 

Se esta palavra clara não vier na exortação apostólica, pedimos aos cardeais que elegeram o Papa que a pronunciem, eles que têm o direito de repreendê-lo, corrigi-lo e admoestá-lo, porque ninguém pode julgar o Papa, a menos que, como é ensinado pelos canonistas medievais, ele se desvie do caminho da ortodoxia da fé (Graciano, Decretum, Pars I, Dist. XL, c. 6).

_______ 

(*) Fonte: “Corrispondenza Romana”, 23-3-2016. Matéria traduzida do original italiano por Paulo Henrique Chaves.

23 de março de 2016

CRISTO FLAGELADO — MEDITAÇÃO PARA A SEMANA SANTA

A flagelação de Jesus Cristo, seu pensamento, sua nobreza e elevação de alma em meio aos sofrimentos 


Como tema para meditação, especialmente nos dias da Semana Santa, abaixo apresentamos excertos de conferência proferida por Plinio Corrêa de Oliveira em 10 de fevereiro de 1976 a sócios e cooperadores da TFP. A redação de Catolicismo apenas selecionou trechos mais adequados para esse período da Quaresma, inseriu alguns subtítulos e os transpôs para a linguagem escrita. Em sua exposição — não revista pelo brilhante orador — analisa ele fotografias de uma imagem de Cristo flagelado, tecendo profundas considerações que se prestam à reflexão de nossos prezados leitores. 

Plinio Corrêa de Oliveira
Fonte: Revista Catolicismo, Nº 783, março/2016 

Dizer que essa representação de Cristo flagelado é bela, seria dizer pouco. Muito mais do que isso, ela é impressionante. Profundamente impressionante! E de molde a despertar muito a piedade, e é, enquanto tal, que desejo fazer a exposição. 

À primeira vista, quando me foi apresentado esse quadro de Cristo flagelado fiquei chocado, porque as feridas do corpo sagrado de Nosso Senhor estão apresentadas com tal realismo e de modo tão brutal, que o instinto de conservação do homem clama vendo a cena; tem a tendência a fugir e achar que não é arte representar de modo tão terrificante. O que é de nossa parte um primeiro impulso, mas que deve ser dominado, porque o contrário seria uma ingratidão. 

Tal será que Nosso Senhor Jesus Cristo, tendo sofrido tudo o que padeceu por nós, não queiramos sequer olhar para seu corpo chagado porque pode nos desagradar. É uma ingratidão e uma falta de respeito sem nome. Como um primeiro impulso se compreende. É uma reação quase física. Mas seria ingratidão consentir nesse impulso. 

Compreende-se então que o escultor tenha chegado a esculpir de modo tão terrivelmente realista essa imagem. 

Primeiramente, analisando o quadro, cheguei à conclusão de que deveria ser uma escultura espanhola em madeira. Com aquele realismo das imagens espanholas sobre a Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo. Eu não tinha informações sobre essa imagem, onde ela se encontrava etc. Isto porque apenas me deram de presente a estampa num quadro ornado com muita bonita moldura, mas sem mais informações. Depois soube que é uma imagem do Canadá. 


Nosso Senhor flagelado pelos verdugos 

Para que se tenha ideia do que foi a flagelação de Nosso Senhor Jesus Cristo, como está representada nessa imagem, é preciso compreender todo o significado das chagas terríveis que apresenta, bem como da coroação de espinhos. 

Os verdugos que flagelaram Nosso Senhor eram malfeitores, bandidos, que foram levados para exercer essa função. 

De onde um verdadeiro furor dessa gente péssima, com aquele gosto sádico de fazer o mal que caracteriza esse tipo de pessoas. Homens embebedados, que já tinham flagelado vários condenados, estavam no delírio de seu ódio quando Nosso Senhor lhes caiu nas mãos. Ocorre que gente muito infeliz com frequência tem ódio de quem é normal e feliz. Assim, eles se desafogam do seu triste estado. 

Antes mesmo da flagelação começar, Nosso Senhor foi tratado com tal brutalidade que estremecia à vista da coluna. 


O Cordeiro de Deus, os deicidas e os verdugos 

Crucifixão (detalhe) - Duccio di Buoninsegna
(1308-1311) Museu dell´Opera del duomo,
Siena (Itália)
Segundo relatos de videntes, Nossa Senhora estava vendo o que iriam fazer com seu Divino Filho. E nessa perspectiva, olhava no momento em que Ele se submeteria voluntariamente a esse tormento pavoroso. Isso produziu n’Ela o mais explicável terror, tendo desmaiado nos braços das santas mulheres que A acompanhavam. 

Nosso Senhor sofreu uma distensão porque seu corpo pendia atado à coluna, onde foi flagelado desde a cabeça até os pés. Ele gemeu de dores, mas com um timbre de voz dulcíssimo, que se elevou em meio da brutalidade da cena, fazendo orações enquanto era flagelado de modo pavoroso. 


Flagelação de Cristo - Antônio alemão,
séc. XVI. Museu de Belas Artes,
Córsega (França)
 
A turba multa estava longe, do lado de fora do edifício, acompanhando a flagelação, e de vez em quando se ouvia: “Morra! Morra! Crucifica-O!”. Escutavam-se ora as vozes bestiais da multidão, ora a voz isolada de Nosso Senhor, na qual se marcavam naturalmente o temor e o tremor, mas junto a decisão de continuar em frente. Era a oração que Ele rezava.

Também segundo relatos de videntes, enquanto o Cordeiro de Deus era açoitado, ovelhas que estavam sendo preparadas para a morte baliam. Então havia duas espécies de vozes como que em coro. Um coro que uivava todos os gritos do ódio, e outro coro, do Cordeiro de Deus e das ovelhas preparadas para o sacrifício que baliam. Nosso Senhor rezava e às vezes ouvia-se a trombeta dos soldados romanos ordenando silêncio à multidão para que Pilatos pudesse falar. 

A maldição pairava sobre os judeus deicidas. Até alguns dos soldados romanos tiveram pena de Nosso Senhor; mas aquele povo não teve. De outro lado, percebe-se notar a abominação em que pode cair um povo. Os soldados romanos andavam de um lado para outro proferindo insultos. Os judeus deicidas odiavam Aquele que os havia coberto de benefícios, dos maiores atos de benefício e de bondade. O que é próprio a todos os transviados, a todos os decadentes, a todos os tarados: eles confiam em quem não devem, desconfiam daqueles em quem devem confiar; eles são susceptíveis por ofensas que não recebem e aceitam bem ofensas que não mereciam. Tudo isso devido ao completo desvio de suas mentes. 

Dureza de alma dos homens preocupados só com seus interesses

Narra-se que os verdugos ficavam cansados de tanto açoitar e tinham que ser substituídos. E Nosso Senhor aguentou tudo das turmas sucessivas desses verdugos despencando o ódio contra Ele, açoitado com varas e látegos com pontas de ferro para arrancar a carne. 

Pessoas passavam perto do edifício, montadas em seus camelos, inteiravam-se do que ocorria e iam embora. Não desciam para protestar, ao menos para ver Nosso Senhor e ter pena d’Ele. Nem queriam ouvir os gemidos d’Aquele que os estava resgatando. É bem a atitude do indiferente, do homem dominado apenas por sua vidinha e por seus interesses. 

Não se pode esquecer que Nossa Senhora estava num ângulo da praça assistindo a tudo isto: o ódio contra seu Filho, o ódio dos inimigos da Igreja Católica, o ódio do homem possuído pelo demônio. Pode-se então imaginar o porquê do desmaio da Santíssima Mãe. 

Tormento moral soma-se ao tormento físico

Enquanto Nosso Senhor era flagelado, já se preparava a coroa de espinhos. Uma narração conta que apareceu um homem do povo e cortou as cordas que amarravam Jesus Cristo à coluna; mas depois desapareceu no meio da multidão. Ele não procurou conclamar as pessoas para salvar Nosso Senhor; não optou por sacrificar sua vida ao lado de Jesus Cristo; teve um lampejo de coragem e fugiu. Viu Nosso Senhor cair no solo, mas não foi capaz de erguê-Lo. Nessas épocas históricas até os corajosos são poltrões, os mais admiráveis podem também apresentar aspectos de atitudes desprezíveis. 

O corpo de Jesus permaneceu caído ao solo. Passaram umas mulheres e os soldados proferiram palavras imorais dirigidas a elas. Que houvesse de ocorrer isto: a passagem de mulheres despudoradas, revelando sua frieza diante d’Ele. Logo Ele dirigiu seu olhar para elas — evidentemente uma graça que lhes era concedida. Qual a atitude delas? Afastaram-se. 

Tudo isso foi um contínuo auge do pavoroso. Quando se imagina estar tudo esgotado surgiu algo pior ainda, um tormento moral acrescentou-se ao tormento físico. Uma coisa inenarrável. 

Entretanto, Nosso Senhor rezava por todos os homens de todos os tempos. É algo muito salutar guardarmos a recordação disso. Assim, quando pedirmos alguma coisa a nosso Divino Salvador, suplicarmos por meio de Nossa Senhora, que pelas orações feitas por Ele junto à coluna, nos alcance essa ou aquela graça. Obtenha-nos a emenda de um pecado, a comoção de nossa alma em tal ponto de dureza, enfim qualquer outra graça. É uma esplêndida oração, que podemos fazer e relacionar com a imagem de Cristo flagelado.  

“Ecce Homo” 

Uma cena que se passou mostra a dureza dos malfeitores. Nosso Senhor caiu no solo, dilacerado de dor, sem mais poder mover-se; deram-Lhe pontapés e ordenaram que Ele se levantasse. Não tendo forças para levantar-se por si só, foi colocado de pé e jogaram-Lhe suas roupas. Nosso Senhor limpou o próprio rosto do sangue, sem ter quem Lhe ajudasse. Que cena comovente!

Depois de tudo isso, ainda sobreveio a coroação de espinhos, cujas pontas penetraram na cabeça, ferindo o Redentor, tendo o sangue escorrido até a boca. 

Em seguida, Pilatos apresentou Jesus Cristo ao público dizendo “Eis o homem!” 

Olhar profundamente meditativo

Nessa imagem, a carne aparece toda entumecida, toda lanhada pela flagelação. Olhem as mãos! Analisem o olhar! O que considero mais emocionante nela é o olhar, muito pensativo, profundamente meditativo. Tenho visto incontáveis crucifixos em que Nosso Senhor parece abismado, aliás legitimamente e santamente, na consideração de sua própria dor, em que o artista procura atrair a atenção da pessoa que vê o crucifixo para as dores de Nosso Senhor, visando provocar compaixão. E o próprio olhar d’Ele parece perguntar: “Pelo menos nesta dor tu não tens pena de mim?” 

Porém, nesta imagem, interpreto o olhar de outra maneira. É bem verdade que a dor está presente. É o olhar de uma pessoa que sofre profundamente. Mas, acima da dor, há uma reflexão profunda e consternada, de quem pensa com profundidade a respeito do que Lhe está acontecendo. Pensa a respeito do significado transcendente, metafísico e sobrenatural de todas as dores pelas quais Ele está sofrendo. 

É propriamente uma meditação sobre sua própria Paixão como Ele desejaria que fizéssemos. Meditação que eu interpreto, olhando a face sagrada, partindo de um ponto altíssimo, do mais alto ponto de consideração em que uma mente humana possa colocar-se. Mas é ao mesmo tempo uma meditação que vai até o mais concreto, ao mais palpável, ao mais miúdo, ao mais distante da transcendência, e une tudo numa visão comum. Une tudo numa só consideração global não apenas do que contra Ele estão fazendo, mas também do que fazem por Ele. Não apenas os homens vivos de sua época, mas de todos os homens que ao longo dos tempos considerariam esse passo da Paixão e que seriam frios, indiferentes, cruéis; mas também daqueles que O adorariam, transportados de amor, de admiração, de veneração, considerando a situação em que Ele se encontra.

Em meio à dor, entregue às mais altas cogitações

Essa imagem me relembra as palavras do profeta Simeão sobre Jesus: “Eis que este menino está destinado a ser uma causa de queda e de soerguimento para muitos homens em Israel, e a ser um sinal que provocará contradições, a fim de serem revelados os pensamentos de muitos corações” (São Lucas, 2, 34-35). Quer dizer, dividindo a História, cindindo-a de alto a baixo em dois: os que eram d’Ele e os que eram contra Ele; salvando alguns e perdendo os outros.

Parece-me que tais considerações, e outras ainda altíssimas, estão expressas nesse olhar, que, como se pode ver, pousa ao longe, num ponto indefinido.

Mas de outro lado, a escultura revela uma altaneria na posição d’Ele. Notem que, por mais que esteja alquebrado, Ele não está arqueado; pelo contrário, o tronco sagrado ereto numa posição que se poderia chamar nobre. A própria cabeça não está caída de um modo desairoso; sem estar inteiramente erguida, de modo arrogante, está posta com uma naturalidade profunda e nobre sobre o pescoço, e ereta como um homem que pensa muito, entregue às suas mais altas cogitações.


Em Nosso Senhor, nobreza, beleza e força moral 

Notem, em outro aspecto, a posição lindíssima dos braços. Dir-se-ia um personagem que está num ato de muito protocolo e etiqueta. Nas cortes, muitas vezes o modo correto de postar os braços diante de um rei ou de uma rainha é este. Assim está Ele. E assim podem vê-Lo com o corpo flagelado. Há partes da carne sagrada que não foram batidas e outras em que a carne foi arrancada.

Historicamente, Jesus Cristo estava cercado por gente que ria d’Ele. Mas Ele não olha para as pessoas. Ele as transcende, não toma conhecimento, está infinitamente acima de tudo isso, entregue a seus pensamentos, à sua oração.

Poder-se-ia colocar, entre os muitos títulos que essa imagem mereceria, a frase: “Jesus autem orabat” (Jesus porém orava); como também a frase: “Jesus autem tacebat” (Jesus porém calava-se). 

Observem o manto da irrisão que os verdugos colocaram sobre os ombros de Nosso Senhor por ocasião da coroação de espinhos. Apesar de tudo, o manto cai de modo composto, indicando nobreza, beleza moral e força moral que não O abandonaram nem mesmo nas situações mais terríveis.

Creio que representa a última expressão do comovedor dentro desta linha: Cristo enquanto pensando, enquanto refletindo profundamente, enquanto orando durante sua Paixão. 


Angústia doce, suave, sem agitação e confiante

Nessa outra fotografia da imagem, parece-me discernir no olhar três aspectos: primeiro, muita dor física, que se exprime seguida de muita angústia diante da dor que virá. É uma figura que está no meio de todo tormento e que sente o que ainda terá que suportar. Portanto, no auge do horror, em que Ele ainda não padeceu tudo. A morte que O libertará ainda está longe. Já sofreu tanto que perdeu toda a força para resistir, mas ainda tem que aguentar enormemente. 

Há uma ansiedade e uma angústia; mas uma angústia doce, suave, sem agitação e confiante: Meu Pai atenderá minha prece, Eu chegarei até o fim. Isto tem um sentido. 

Notem também a tristeza moral profunda. Como que divinamente decepcionado com aqueles que O abandonaram. Parece que, nessa hora, Ele se lembra não dos miseráveis que O chicotearam, mas dos Apóstolos que O deixaram! Que Ele está, um por um, revendo cada Apóstolo. E está pensando em São Pedro sobre quem Ele edificou a Igreja. Pensando em São João, o Apóstolo virgem, que horas antes ainda deitara a cabeça sobre Seu peito para fazer-Lhe uma pergunta particular. Pensando em São Bartolomeu, que Ele mesmo qualificara como um verdadeiro israelita no qual não havia fraude, e que, entretanto, igualmente O abandonou. Pensando em todos os outros. Com horror, pensando no filho da perdição que O vendeu. Considerando todos aqueles que O trairiam ao longo dos séculos. 

Mas também está pensando nos sacerdotes de hoje, nos bispos, nos cardeais e no Papa de hoje. 

Ele está refletindo em algo que o angustia enormemente, que é magnífico: no sofrimento de Nossa Senhora. 

Parece-me ver os olhos do pensador meditando, examinando do ponto de vista da filosofia e teologia aquele acontecimento central da História: sua Paixão e Morte. Em meio de tudo isso, Ele está rezando. A meu ver, é patente que há uma magnífica oração. 


Meditação que faz sangrar a alma, mas que eleva e santifica 

Fotografado sob outro ângulo, parece-me que a impressão da dor física é um tanto menor, enquanto a impressão da angústia e da reflexão é ainda maior.

Noutro ângulo, aparece um conjunto de várias expressões, de diversos close-ups de Seu rosto Sagrado. Tudo se junta numa fisionomia una, na qual sobressai a vergastada profunda na testa. 

Quando uma pessoa pensa, costuma frequentemente formar um vinco desse tipo na testa. É a meditação do verdadeiro Homem-Deus, que é acompanhada de dor e pensamento. Quantas vezes conjuga tristeza e amargura. Uma meditação que faz sangrar a alma, que envelhece, encanece, consome, mas também eleva e santifica. 


Nosso Divino Redentor, o “Rei da dor” 

Nessa fotografia aparece por inteiro o corpo divino. Eu não tenho nada que dizer! Notem a tumefação do braço esquerdo que nessa visão se percebe melhor. Esses braços ainda vão carregar a Cruz e as mãos ainda vão ser cravadas na Cruz, até sua Morte. Isso constitui a imensidade de tormentos que O aguardam depois de ter sofrido tanto. 

Em detalhe, vemos amarradas as mãos sagradas do Onipotente. Percebem-se as pontas dos dedos. É belo contemplar que as mãos são apresentadas inteiramente descontraídas, não há contração nervosa. Mas aparecem como as mãos de um rei, prontas para serem osculadas. É o Rei da dor. 

Por vezes tais impressões são pessoais. E se bem que as fotografias da escultura estão muito bem tiradas, sou da tese de que os projetores [de slides] raramente dão toda a realidade do que projetam, e que a imagem é muito mais real.

Eu pretendo depois trazer o quadro e colocá-lo em vários lugares, para que todos os senhores possam vê-lo bem. Após, destinarei o lugar onde com toda propriedade possa ficar de modo definitivo.

Não queria deixar de assinalar esta ocasião de graças que todos recebemos. É evidente que este quadro, para verdadeiros devotos e escravos de Nossa Senhora, segundo a consagração ensinada por São Luís Maria Grignion de Montfort, nos induz a entender que tendo Nosso Senhor sofrido tudo isso, foi pelos rogos de Maria que esse sangue é aplicável a nós. Se nossa presença Lhe não causa horror, mas, pelo contrário, é aceita com misericórdia, deve-se aos rogos de Maria. Ela é o caminho necessário, por vontade de Deus, para nos aproximar de seu Divino Filho. E sermos, não digo dignos, mas ao menos de algum modo proporcionados para olharmos essa figura e rogar por nós e pela Igreja.

Julgo que o escultor produziu uma obra de arte extraordinária no seguinte sentido: muitas vezes vemos num quadro ou escultura a expressão da alma do artista. É o modo pelo qual ele exprimiu o que certo tema lhe produziu na alma. Mas muito mais belo é quando o artista de tal maneira se deixa identificar com o tema, que apenas este aparece. No caso, apenas Nosso Senhor Jesus Cristo. Ou seja, o artista de tal maneira viveu, por assim dizer, a dor de Nosso Redentor, que produziu a representação de Jesus, e depois se apaga. Não se percebe qual era o seu estado de alma a não ser mediante a extrema inteligência, propriedade, finura, e, sobretudo, a extrema piedade com que conseguiu apresentar a obra. A meu ver, este é o auge do mérito quanto a uma obra de arte.

O católico deve aceitar o sofrimento por amor à Igreja 

Uma consideração final: hoje a Igreja está atada à coluna da flagelação. Fazendo cessar a causa, cessa o efeito. Se quisermos eliminar em nossa alma um estado ruim, devemos perguntar qual a causa desse estado para fazê-lo cessar.

Surge então a pergunta: Qual a razão de nossa indiferença? — Ela tem sua raiz na indiferença maldita do homem moderno por tudo que não seja ele próprio. Vemos povos afundarem em desditas, lemos nos jornais atrocidades praticadas pelo sistema comunista, mas as pessoas não se importam com isso.

Por quê? — Porque só se incomodam consigo mesmas, apenas se preocupam com suas coisinhas. Dos verdadeiros interesses sérios elas não cuidam. Interessam-se apenas pelas bagatelinhas de todos os dias.

Quantas e quantas vezes autênticos católicos são escarnecidos, por vezes até agredidos! Quem toma posição em sua defesa?

Todo sofrimento de qualquer católico, se aceito com espírito de fé, pode ser comparado ao sofrimento infinitamente precioso de Nosso Senhor Jesus Cristo. Há uma analogia. Passamos por muitos sofrimentos, mas em comparação com os d´Ele, são insignificantes.



“MAS QUE MAL FEZ ELE?” 

“Pilatos perguntou-Lhe outra vez: Nada respondes? Vê de quantos delitos te acusam! Mas Jesus nada mais respondeu, de modo que Pilatos ficou admirado. Ora, costumava ele soltar-lhes em cada festa qualquer dos presos que pedissem. Havia na prisão um, chamado Barrabás, que fora preso com seus cúmplices, o qual na sedição perpetrara um homicídio. O povo que tinha subido começou a pedir-lhe aquilo que sempre lhes costumava conceder. Pilatos respondeu-lhes: Quereis que vos solte o rei dos judeus? (Porque sabia que os sumos sacerdotes o haviam entregue por inveja.) Mas os pontífices instigaram o povo para que pedissem de preferência que lhes soltasse Barrabás. 
Pilatos falou-lhes outra vez: E que quereis que eu faça daquele a quem chamais o rei dos judeus? 
Eles tornaram a gritar: Crucifica-o! 
Pilatos replicou: Mas que mal fez ele? Eles clamavam mais ainda: Crucifica-o! 
Querendo Pilatos satisfazer o povo, soltou-lhes Barrabás e entregou Jesus, depois de açoitado, para que fosse crucificado. 
Os soldados conduziram-no ao interior do pátio, isto é, ao pretório, onde convocaram toda a coorte. Vestiram Jesus de púrpura, teceram uma coroa de espinhos e a colocaram na sua cabeça. E começaram a saudá-lo: Salve, rei dos judeus! Davam-lhe na cabeça com uma vara, cuspiam nele e punham-se de joelhos como para homenageá-lo. Depois de terem escarnecido d´Ele, tiraram-lhe a púrpura, deram-Lhe de novo as vestes e conduziram-no fora para o crucificar”. (São Marcos, 15, 9-20).

16 de março de 2016

Basta de demagogia, corrupção, impunidade e bolivarianismo

Foto acima como as demais deste post são todas das manifestações na capital paulista no histórico dia 13 de março último. [Fotos: PRC]

Paulo Roberto Campos

13 de março de 2016 — data que passa a ser considerada um marco na História do Brasil. Nesse dia ocorreu a maior mobilização popular de nossa história. “Nunca antes neste País”... tantas pessoas saíram às ruas de tantas cidades e tão entusiasmadas, para protestar contra o governo do PT, pedir o impeachment da presidente Dilma Rousseff e apoiar a Operação Lava-Jato, dirigida pelo juiz federal Sérgio Moro. 

Foi um acontecimento realmente sem precedentes. Famílias inteiras de todas as capitais e de centenas de cidades manifestaram-se contra o atual governo. Os números exatos se discutem, mas o certo é que elas saíram às ruas indignadas com a grave situação causada por um governo de esquerda bolivariana, com projeto de perpetuar-se no poder e, por meio de um criminoso esquema de corrupção, financiar no Brasil movimentos de ideologia comunista. Ademais, financiar a manutenção de governos bolivarianos em outros países da América Latina. 


No total, segundo estimativas de alguns órgãos da mídia, os números somados de todas as cidades, aproximaram-se dos seis milhões de participantes. As impressionantes fotos não deixam dúvidas. Só na capital paulista, onde ocorreu a maior dos protestos anti-PT, aproximadamente dois milhões de pessoas saíram às ruas. Segundo a Polícia Militar, quase um milhão e meio — mais do que o triplo do recorde já alcançado, que foram as manifestações com 400 mil pessoas pelas “Diretas Já” (1984). 

Cartão postal da cidade de São Paulo, a famosa Av. Paulista ficou pequena para conter tanta gente. Assim, também as ruas paralelas a ela e transversais ficaram entupidas [foto ao lado comprova essa afirmação]. Com lotação total dos logradouros, era de se recear a ocorrência de graves incidentes. O que não aconteceu. Eram pessoas educadas, de todas classes sociais e de todas as raças. Ao contrário do que prega a esquerda católica, aliada e mentora do PT, não impulsionou os manifestantes o ímpeto de luta de classes e de raças. Vimos nas ruas o Brasil autêntico, pacífico, cordato e ordeiro, que se manifestou com uma indignação tranquila mas decidida, contra os desmandos do governo lulopetista. Vimos as ruas tomadas por um povo que não suporta mais presenciar de braços cruzados a degringolada da Pátria em mãos de políticos comunistizantes. 


Vimos muitas famílias levando seus filhos — até os bem pequenos, e mesmo bebês em seus carrinhos —, bem como pessoas idosas, algumas delas em cadeiras de rodas. Elas levavam diversos cartazes de protesto, sendo um muito frequente: “Quero meu País de volta”. Elas não toleram mais ver o Brasil desfigurado por ideologias socialistas e anticristãs. 

Tudo transcorreu num ambiente gentil e quase festivo. Todos esperançosos de que se chegue ao fim deste atual governo que tantos males tem infligido ao País. Por isso, um dos brados que ecoou pelas multitudinárias manifestações foi: “Fora PT. Fora Comunismo. O Brasil não é Venezuela”.

As forças de segurança estavam presentes, mas não tiveram o que fazer... Ficaram fixas em seus postos, recebendo aplausos, atendendo às perguntas dos passantes e entabulando com eles animadas conversas. As famílias tiravam selfies com os policiais, e sorridentes prosseguiam, como se estivessem passeando. [foto abaixo] Tudo se realizou num clima de cordialidade — bem diferente de manifestações de certos movimentos ditos “sociais” vinculados ao progressismo católico, como o MST e outros grupos que se caracterizam por suas arruaças, invasões de propriedades privadas e todo tipo de vandalismo. 



Inicialmente, movimentos petistas também haviam marcado, no mesmo dia 13 de março, manifestações em cidades de todo o País. Depois — percebendo que o fracasso numérico seria vergonhoso, sobretudo se comparado com as maciças manifestações contra o PT e o governo — desmarcaram os eventos, alegando que decidiram pelo cancelamento “para se evitar confrontos”... Apenas se concentraram numa única manifestação, em frente ao prédio onde reside o ex-presidente Lula da Silva. Mas foi um fiasco. Compareceram apenas poucos militantes. 

É bom observar que as grandes manifestações contra o governo federal foram suprapartidárias e que as pessoas compareceram por conta própria — aliás, num domingo, pois trabalham nos dias de semana. Enquanto as ridículas manifestações pró-governo ocorrem em dias da semana, para pelo menos causar impacto fechando o trânsito. Ademais, são exclusivamente partidárias, organizadas pelo próprio PT, que conduz as pessoas em frotas de ônibus, dando-lhes muitas vezes algum dinheiro por cada ato, assim como bonés, bandeiras, camisetas vermelhas e sanduíches de mortadela...


O que vimos no memorável dia 13 de março foi que, de norte a sul, de leste a oeste, nossa Pátria ficou colorida de verde e amarelo. Foi o dia em que as cores do Brasil revestiram o País inteiro e os brasileiros foram confirmados na certeza de que esta onda verde e amarela triunfará sobre os erros do comunismo espalhados no Brasil pelo PT.

O Hino Nacional ouvia-se por todas as partes, cantado a plenos pulmões e com ufania. Chamou também especialmente a atenção a quantidade de slogans, faixas, camisetas e cartazes com frases improvisadas pelos próprios manifestantes, com letras que revelavam as várias idades de seus autores. Assim como os “pixulecos” (de Lula e Dilma), bonecos do “japonês da federal”, pessoas vestidas de presidiárias, estampas com fotos de jararacas etc. Em algumas cidades, apareceram até serpentes infláveis, denominadas “jararacalecos”. 


As manifestações não se circunscreveram ao Brasil. No exterior, muitos brasileiros inconformados com o que aqui está acontecendo também se reuniram em pontos estratégicos nos países em que encontram, a fim de protestar e pedir o fim da gestão lulopetista. 

Não se pode deixar de mencionar a especial relevância de que se revestiu a cobertura dos grandes jornais do exterior às manifestações de protesto. Alguns afirmaram que tudo leva a crer chegou ao fim o projeto de governo iniciado por Lula da Silva e que termina de modo vergonhoso com Dilma Rousseff. 

Sim, fim deste atual governo! Mas... e depois? Era o que muitos preocupados se perguntavam nas ruas. E depois, que governo virá? Muitos diziam que nos encontramos órfãos de líderes autênticos. Donde o perigo: o surgimento de uma falsa liderança, de um novo “salvador da Pátria”. 


Em vista dessa orfandade, o Instituto Plinio Corrêa de Oliveira, que participou com brilho das manifestações em algumas capitais [na foto acima, ao fundo estandartes do Instituto], distribuiu um manifesto intitulado MENSAGEM AOS EVENTUAIS SUCESSORES DO GOVERNO PT

Eis um trecho: “Caso venha a ocorrer o impeachment, o governo que suceder ao PT, ou respeita os pontos descritos [no manifesto], decorrentes da ordem natural das coisas, ou aprofundará inexoravelmente o fosso entre governo e população, levando a novas crises, quiçá à ingovernabilidade”

Recomendamos a leitura da íntegra desse muito oportuno documento, distribuído por jovens voluntários da entidade e que foi avidamente acolhido pelos manifestantes. Seu texto pode ser obtido acessando o seguinte link: "Manifesto do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira".

Um dos milhares de cartazes ostentados na Avenida Paulista afirmava: “IMPEACHMENT — Se o Congresso não aprovar, o povo vai pressionar. No Brasil, quem manda é o povo” [foto ao lado].

A respeito, vem a propósito lembrar uma advertência feita por Plinio Corrêa de Oliveira em seu livro Projeto de Constituição Angustia o País: “Se a democracia é o governo do povo, ela só será autêntica se os detentores do Poder Público forem escolhidos e atuarem segundo os métodos, e tendo em vista as metas desejadas pelo povo. Se tal não se dá, o regime democrático não passa de uma vã aparência, quiçá de uma fraude.”(*) 

Hoje constatamos que sua advertência não foi levada em consideração pela classe política. Esta utiliza a fraude e a demagogia; falando em nome do povo, mas de fato menosprezando os grandes valores do autêntico do povo brasileiro. Esse verdadeiro povo se manifestou no histórico dia 13 de março, bradando em alto e bom som: “Brasil, um filho teu não foge à luta!”; “Cansamos de ficar calados!”; “Agora basta de demagogia!”; “Basta de corrupção!”; “Basta de impunidade!”; “Basta de bolivarianismo!” “IMPECHEAMENT JÁ — PT NUNCA MAIS!”

_______
(*) Plinio Corrêa de Oliveira, Projeto de Constituição angustia o País, "Catolicismo", Ed. Extra, SP, 1987, Parte I, Cap. I, n. 9.

Insatisfação generalizada entre todas as classes sociais 


Repórteres do jornal madrilenho “El País”, no momento em que ocorriam os protestos na Av. Paulista, percorreram a periferia da cidade (nas zonas leste, norte e sul de São Paulo), para ouvir a voz daqueles que não estavam nas manifestações. Eles mostraram como a insatisfação com o Governo é generalizada, não apenas nas classes mais elevadas. Segue um sintomático trecho da reportagem, publicada por “El País” em 13-3-16.
“Enquanto milhões de pessoas participaram dos protestos no Brasil, Eliane de Jesus visitava o seu filho na Fundação Casa (antiga FEBEM). Lá, aos 17 anos, está preso por tráfico de drogas. Ele e sua mãe são parte de um outro Brasil, cuja voz não ecoou nas ruas desde que os protestos contra o Governo de Dilma Rousseff e o PT começaram a vestir verde e amarelo: o que vive na periferia das grandes cidades e longe do local onde normalmente ocorrem as manifestações. Eliane também é contra o Governo e quer que ‘essa mulher saia de uma vez’.
“Apesar de não se somarem aos protestos deste domingo, todos os entrevistados por este jornal não estão satisfeitos com o Governo Dilma — algo que não chega a surpreender, já que a popularidade da presidenta não supera os 10%, segundo todas as pesquisas. A maioria deles é favorável ao impeachment, mas são céticos com relação a qualquer mudança para melhor.
“Anderson, por exemplo, acha que ajuda mais mobilizando as pessoas pela Internet. Até tem vontade de deixar as redes sociais para se manifestar nas ruas a favor da destituição [da presidente Dilma]. ‘Mas é complicado’, diz, após um longo suspiro. ‘Moro longe, em Cidade Tiradentes. Sai muito caro, e você sai para a rua e não acontece nada!’, argumenta este subgerente de produção, na fila para pegar o ônibus no terminal Itaquera, na zona leste de São Paulo, ponto final da linha 3 vermelha de metrô e ponto de encontro dos que vivem nesta região”.
Click na primeira imagem para percorrer 
(com a setinha de seu teclado) 
a "galeria" de fotos.